Defeitos colocados – Fusível não é banana

Sergio Torigoe Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe Rua Serra de Botucatú, 2724 (11) 2097-8440
Sergio Torigoe
Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe
Rua Serra de Botucatú, 2724
(11) 2097-8440

Não é sempre que acontece, mas vira e mexe aparece aqui na oficina casos cabeludos como o que relatarei a seguir, em que o dono do carro (ou algum parente próximo) pensa que sabe tudo mas na verdade desconhece a tecnologia por trás do veículo.

O que parecia um defeito simples era, na verdade, uma barbeiragem. Os faróis não acendiam. Fácil, não? É só trocar as lâmpadas. Negativo. O carro tinha acabado de vir da concessionária, que orçou o conserto em R$ 12.000. Era necessário trocar todo o chicote elétrico do Toyota Corolla 2015.

Absurdo esse orçamento, não? Tanto quanto o defeito. Um par de fios derretidos dentro do chicote, dede os soquetes das lâmpadas dos faróis até o interruptor na coluna de direção. Tem conserto, mas dá uma mão de obra de dias, pois é preciso soltar todo o chicote que percorre o cofre do motor, abri-lo, identificar os fios queimados e substituí-los ou refazer a isolação.

Para efetuar o serviço, foi preciso desmontar todo o painel do veículo
Para efetuar o serviço, foi preciso desmontar todo o painel do veículo

A pior parte é dentro do habitáculo, pois o chicote percorre por toda frente do veículo, o que obriga a desmontar todo o painel e consoles, e como se não bastasse, o carro possui air bag de joelhos, que não é nada simples de soltar. É trabalho para uma semana, no mínimo.

Causa

Ideia era instalar kit xenônio...
Ideia era instalar kit xenônio…

Já é hora de explicar o que aconteceu para ter resultado nesse problema todo: o filho do dono do carro pensou que entendia de eletricidade automotiva e decidiu trocar as lâmpadas comuns dos faróis por outras de xenônio, além de instalar fitas com luzes de leds para deixar o visual do carro mais bacana.

Na verdade, o procedimento para trocar as lâmpadas é bastante simples. Basta retirar as normais, instalar as novas, de xenônio, ligar a fiação do reator e pronto. O que deu errado, então? Bom, acontece que a potência do conjunto de lâmpadas de xenônio e reator era bem maior do que das lâmpadas comuns, o que sobrecarregou o circuito. E

... e chegaram a furar a lataria para fixar o reator
… e chegaram a furar a lataria para fixar o reator

todo circuito elétrico tem um sistema de proteção, neste caso por fusíveis, para impedir danos maiores, como incêndio por superaquecimento.

Não é preciso ser adivinho para saber o que aconteceu em seguida. O fusível do circuito das luzes dos faróis queimou. Bom, então troca, coloca outro, certo? Certo. E volta a queimar. Pôxa, e agora? E é ai que o barato fica caro…

O que foi feito neste Corolla 2015 não deve ser feito em nenhum tipo de carro, de qualquer marca ou ano de fabricação, pois o mesmo pode acontecer. Simplesmente trocaram o fusível por outro com amperagem muito maior. Excelente! Não queimou mais.

Trocaram por outros de tipo e capacidade maior
Trocaram por outros de tipo e capacidade maior

Mas ao acender as luzes, começou a sair fumaça do fundo da parede corta-fogo do cofre do motor e por trás do painel do lado do motorista, e imediatamente subiu cheiro de fio queimado… O estrago havia sido feito.

... o que causou derretimento da fiação
… o que causou derretimento da fiação

O fusível aguentou a potência das lâmpadas, mas a fiação, não. Ocorre que os fios do chicote são projetados de acordo com as especificações do veículo. Não se utiliza nada além do necessário, pois isso reflete em maior custo na produção. Ao fazer qualquer tipo de alteração de conteúdo original, é preciso ter isso em mente, pois do contrário corre-se o risco de provocar um incêndio.

Módulo de conforto queimado
Módulo de conforto queimado

O fato de o fusível ter queimado foi um aviso de que algo estava errado, mas além de ignorar, fez o que não devia. E o pior: instalou um fusível incompatível com os originais, pois o Corolla utiliza um dispositivo menor, de formato específico, diferente do padrão, que até serve, mas não é recomendado, pois o encaixe não é perfeito, o que com o tempo pode sobreaquecer e pegar fogo.

Alexandre Akashi

Editor da Revista Farol Alto

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