O Brasil do futuro

Há décadas ouço que o Brasil é o País do futuro. Me pergunto hoje, por que demora tanto para chegar, esse tal de futuro? O mundo já não discute mais qual será a próxima matriz energética automotiva, governos mais conscientes já determinaram banir os automóveis com motor a combustão interna.

O Brasil, por outro lado, nem começou a discutir o assunto. O governo brasileiro se faz de ‘songo-mongo’ para a questão, sabe-lá por que. E não é por falta de aviso. Diversos especialistas dizem que se o Brasil quiser se manter relevante no mercado automotivo, precisa investir na produção de tecnologia para participar do mercado externo. Produzir carros com baixo valor agregado não nos levará a lugar algum.

Mas, como se preocupar com um bem tão supérfluo quando se vive em meio a uma crise econômica que não tem mais fim? E ainda, aliada a uma crise política que aparentemente derrubará mais o País? A sociedade brasileira já não se surpreende mais com tantos casos de corrupção, pois ninguém é punido de forma exemplar. Desvios de verbas, favorecimentos em obras públicas, verdadeiros assaltos bilionários aos cofres são realizados diariamente por aqueles que deveriam liderar a nação rumo a um futuro promissor, mas o único objetivo deles é legislar em causa própria…

É possível mudar isso? Sim, com certeza. Mas, será mesmo que queremos? Muitas vezes acredito que não. Para tanto, teria de haver uma revolução e, com certeza, o povo brasileiro não é revolucionário. Somo uma nação de acomodados, que prefere esperar um salvador da pátria, que acredita em histórias da carochinha, Coelho da Páscoa e Papai Noel. Queremos tudo de presente, e não fazer por merecer…

O grau de hipocrisia e demagogia do povo brasileiro reflete-se na escolha dos líderes. Se a população vive mal, é porque escolhe mal. E não sabe escolher porque não tem intelecto suficiente para diferenciar o joio do trigo, pois, afinal, pensa igual. Como mudar isso? Com educação, principalmente. E com rigidez nas leis. Somos muito coniventes aos crimes de colarinho branco e muito emotivos às tragédias pessoais sensacionalistas. O casal jogou o filho pela janela? Cadeia pra eles, para sempre. O político roubou milhões de dólares? Coitado dele, deve ter sido obrigado! No lugar dele eu faria igual… Afinal, matar criancinha é crime hediondo, roubar dinheiro de impostos, não. Ninguém morre quando milhões são tirados da saúde e segurança pública, certo?

A verdade é que desde sempre o governo brasileiro é pai dos pobres e mãe dos ricos. E os pobres têm orgulho disso. O pai sustenta e castiga, toma quando não é obedecido. A mãe acalanta, passa a mão, não deixa faltar nada.

E assim sobrevivemos. Um dia após o outro, sem saber como será o futuro, esperando alguém nos salvar de nós mesmos, uma vez que somos incapazes de mudar simplesmente pelo fato de não querermos mudar.

Preferimos comprar carros com pouca tecnologia a preços que fazem os norte-americanos rirem de nós, pois assim podemos nos vangloriar dos menos afortunados que mal conseguem pagar a tarifa do ônibus. Pois assim nos sentimos superiores aos pobres miseráveis que mal tem o que comer. Pois assim somos ainda mais brasileiros…

Alexandre Akashi
Editor

Alexandre Akashi

Editor da Revista Farol Alto alexandre@farolalto.com.br

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