Troca de óleo no uso severo

Fazer as manutenções do veículo de acordo com as orientações do manual do proprietário é sempre sinal de inteligência. Existem motoristas, porém, que acham desnecessário trocar o óleo do motor, o fluido de freio, e até mesmo calibrar os pneus. O caso que relataremos a seguir é uma lição para quem pensa que carro só precisa de combustível para funcionar.

Em uma bela tarde, o guincho chegou com um Toyota Etios 1.5 2016, com apenas 33.000 km rodados, que não pegava. Segundo o proprietário, o carro parou de repente e não pegou mais, com a luz vermelha do óleo acesa no painel. Nem tentamos ligar o carro, fomos direto para a vareta de óleo, verificar o nível.

O Toyota Etios 2016 com apenas 33.000 km teve apenas duas trocas realizadas no período e formou borra que entupiu o pescador e fundiu o motor

O óleo estava lá, mas com nível baixo e muito grosso. Decidimos retirar a tampa do cabeçote e não tivemos boas impressões. De cara deu para perceber que o motor tinha rodado sem lubrificação. Retiramos do carro e abrimos na bancada.

As notícias não eram boas. O motor tinha fundido. Uma enorme porção de borra havia se formado no cárter e entupiu o pescador de óleo, o que causou a deficiência de lubrificação. Ao informar o dono do carro, descobrimos o real motivo do problema ter acontecido. Desde que comprou o veículo, zero km, somente duas trocas de óleo foram realizadas.

Ocorre, porém, que o veículo é usado de forma severa, por se tratar de um carro de locação. Com esta quilometragem, o óleo deveria ter sido trocado pelo menos três vezes mais, a cada 5.000 km. Parece exagero? Pode até ser, mas é melhor do que correr o risco de ter um motor fundido.

Mandamos o motor para a retífica, e eis que surge mais um problema: no processo de retífica, os componentes internos do motor precisam ser substituídos por outros com medidas especiais, milímetros maiores do que os padrões, pois as folgas aumentam. A dificuldade é que não existem estas peças com medidas especiais no mercado, pois o motor é novo e são raros os casos de retifica. Se as peças existem, são tão rara de encontrar quanto um motor de Etios fundido.

A solução mais rápida neste caso é comprar um motor parcial, e todos os componentes novos. O resultado é um prejuízo de mais de R$ 6.000.

Sergio Torigoe

Engenheiro mecânico, proprietário do Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe, na Rua Serra de Botucatú, 2724, Tatuapé. (11) 2097-8440

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