Motoristas aprovam Check-up Solidário do Farol Alto

Que tal unir solidariedade com check-up do carro? Para os motoristas que foram ao Telhanorte Aricanduva, zona Leste da capital paulista, a oportunidade de participar do Check-Up Solidário Farol Alto, organizado pela Revista Farol Alto, recebeu aprovação total. A ação também rendeu benefícios para o Grupo Mãos Estendidas, que recebeu a doação de alimentos não perecíveis para reforçar a alimentação de moradores de ruas atendidos pela entidade.

A ação foi patrocinada por Tecnomotor e MTE-THOMSON, com apoio do Telhanorte, e constou com a verificação de 30 itens, desde emissão de gases, amortecedores, líquido arrefecedor, nível do óleo, pressão dos pneus. Para o auxiliar de fisioterapia Marcelo Morelli Belli, proprietário do Golf GTI, ano 2002, o programa veio em boa hora.

“Este tipo de check-up é legal por apontar problemas no carro que muitas vezes passam despercebidos pelo motorista. No meu caso, ficou constatado um problema na mangueira hidráulica. Eu não sabia. Vou procurar o mecânico o mais rápido possível. Gostaria que estes check-ups fossem sempre realizados. É útil para quem tem carro, além de contar com consultores especializados”, comentou.

Entre os problemas mais frequentes, destaque para fluidos de freios vencidos

Para Alexandre Oliveira Lobo, dono de um Audi A3 1.8, de 2003, morador de Guarulhos, a avaliação revelo que está na hora da troca dos amortecedores. “Foi ótimo, porque a equipe de consultores fez uma avaliação em vários itens que não me preocupava. Vou ficar mais atento em detalhes que eles me orientaram. Essas ações merecem aprovação, porque são profissionais que estão dedicando uma parte do seu tempo, avaliando os veículos. Contribuir também para uma entidade que atende os mais necessitados merece elogios. As pessoas acabam esquecendo de ajudar quem ajuda”, finaliza.

Resultados da ação
Ao todo, foram avaliados 21 veículos durante o Check-up Solidário Farol Alto 2017. Os principais problemas encontrados foram luzes de freio e de placa queimadas, óleo motor acima nível, pastilha de freios gastas, bateria ruim, nível de CO e HC acima do permitido por lei, vazamento de fluido de direção hidráulica e óleo motor, pneus com pressão desigual e gastos acima do limite (TWI), amortecedores em estado de atenção e fluido de freios ruim.

Principais defeitos%
Luz freio queimada 4,76
Óleo motor acima nível 4,76
Pastilha de freios4,76
Bateria9,52
CO9,52
HC14,29
Vazamento direção hidráulica14,29
Luz placa queimada23,81
TWI23,81
Vazamento de oleo motor23,81
Amortecedor28,57
Fluido de freios33,33
Pressão pneus38,10

Os itens que mais chamaram atenção pelo grande número de ocorrências foram a pressão desigual de calibragem dos pneus, presente em 38,1% dos veículos avaliados, o fluido de freios ruim, encontrado em 33,33% dos carros testados, e os amortecedores com desequilíbrio entre os lados direito e esquerdo, constatado em 28,57% dos automóveis que passaram pela ação.

“Orientamos o motorista para a importância de ele efetuar a calibragem semanalmente, pois isso reduz consumo além de evitar o desgaste prematuro dos pneus”, comenta o consultor automotivo Sergio Torigoe, proprietário da Torigoe Oficina Sustentável, uma das oficinas responsáveis pela realização do Check-up Solidário Farol Alto.

Torigoe diz que ficou surpreso com o elevado número de veículo que apresentaram problemas com fluido de freio. Para ele, isso significa que os motoristas ainda estão sendo mal orientados quando realizam manutenção no sistema de freios. “Trocar o fluido é quase tão importante quanto pastilhas, discos e sapatas, pois se o fluido falhar o carro fica totalmente sem freio”, alerta Torigoe ao recomendar a troca do fluido a cada dois anos. “O fluido de freio é higroscópico, absorve água da atmosfera, e com o tempo perde as características hidráulicas assim como efetividade”, explica o reparador.

Em relação aos amortecedores, Torigoe afirma que é preciso investigar mais a fundo os motivos dos desequilíbrios, com averiguação dos demais componentes da suspensão e direção. “Realizamos um teste inovador, efetuado com equipamento portátil digital que mede a frequência da oscilação dos amortecedores dos dois lados do carro e os compara para saber se estão em sintonia. Porém, sofre a influência de todo o conjunto da suspensão, e se algum coxim ou peça de borracha estiver danificado ou em mau estado, pode interferir no resultado”, explica Torigoe.

Vazamentos
Outro item inspecionado que chamou atenção foram os problemas de vazamento de óleo motor e fluido de direção hidráulica, presentes em 23,81% e 14,29% dos veículos avaliados, respectivamente. “Quando o carro começa a vazar óleo ou qualquer outro fluido é porque alguns componentes já chegaram ao fim de vida útil e a manutenção se faz urgente, pois os riscos de se agravarem são elevados, o que pode causar problemas maiores e mais caros de consertar”, afirma Torigoe.

A condição de rodagem dos pneus dos carros que passaram pelo Check-up Solidário Farol Alto também foi verificada, e constatou-se problemas em 23,81% dos veículos avaliados. “Eram carros com pneus carecas ou com a marca do TWI já exposta”, comenta Torigoe ao explicar que o TWI indica o limite mínimo aceito por lei dos sulcos do pneu. “Quando ele fica exposto, significa que está na hora de trocar os pneus”, afirma. “Mesmo que não estão carecas, que ainda há ranhuras, é preciso fazer a substituição, pois ao atingir o TWI, a eficiência se reduz a níveis perigosos em pista molhada”, diz o reparador ao alertar ainda que o motorista pego com pneus nestas condições pode ser multado.

Emissões
Do total de veículos avaliados, 23,81% apresentaram índices de emissões de gases de efeito estufa ou hidrocarbonetos acima do especificado por lei, o que demonstra algum tipo de ineficiência do motor na queima do combustível.

Para o consultor automotivo Claudio Cobeio, da CobeioCar, oficina também responsável pela realização do Check-up Solidário Farol Alto, o índice mostra que os motoristas têm descuidado da manutenção do motor, uma vez que a inspeção ambiental veicular já não é mais realizada.

“Manter o motor sempre com a manutenção em dia faz bem para o bolso, pois desregulado polui mais e, principalmente, consome mais combustível”, afirma Cobeio. “Pode não parecer, mas no fim do ano, a economia é grande”, diz o reparador.

Estatística
A ação avaliou 18 modelos de 10 marcas: Audi, BMW, Citroen, Fiat, Ford, GM, Honda, Peugeot, Renault e Volkswagen, com idade média de 10 anos de uso. O mais antigo era um Fiat Palio 1994 e os mais novos, de 2013 (quatro veículos, no total). A média de quilometragem dos veículos avaliados foi de 106.378 km rodados.

“Este é o perfil médio dos veículos que atendemos normalmente nas oficinas”, avalia Sergio Torigoe. “A ação deste ano mostrou que a crise ainda afeta o consumidor, que tem feito apenas o necessário para o carro continuar rodando”, diz o reparador.

Antonio Puga

Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo

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