A Peugeot topou e eis nosso veredito após um mês ao volante do sedan 408, na versão Allure 2.0 Flex Auto: confortável e honesto. Durante os 30 dias de avaliação, o carro foi utilizado por quatro motoristas: o editor Alexandre Akashi, e os consultores automotivos Sergio Torigoe, Julio de Souza e Francisco Carlos de Oliveira. Todos elogiaram o design e o conforto interno, apesar de a versão não oferecer bancos de couro, nem como opcional. “A posição de dirigir é muito boa”, comenta Torigoe.
O Allure 2.0 Flex Auto é a versão intermediária do modelo, tem preço a partir de R$ 68.190 segundo o site da Peugeot, e vem com diversos itens de série úteis no dia a dia, com destaque para o piloto automático com limitador de velocidade, e o ar-condicionado bi-zone. A versão de entrada é o Allure 2.0 Flex Manual, que sai por R$ 63.190, e a topo de linha, a Griffe THP 1.6 Turbo, tem preço a partir de R$ 76.190. “O limitador de velocidade é muito bom principalmente quando vou para regiões em que sei que há radares mas não sei onde estão localizados”, comenta o editor, Alexandre Akashi.
Com motor 2.0 litros flex de 151 cv a 6.000 rpm, quando abastecido com etanol, e 143 cv a 6.250 rpm, com gasolina, e torque máximo de 22/20 kgfm a 4.000 rpm (etanol/gasolina), o sedan tem bom fôlego, ainda mais com a nova transmissão automática de seis velocidades, fornecida pela japonesa Aisin. Esta nova caixa substitui a antiga AL4, de quatro velocidades, mas não pense que é novidade entre os Peugeot, pois há tempos equipa o 408 THP e, antes dele, era encontrada nos 407 V6 3.0. “O carro ficou bem mais esperto”, comenta o consultor Francisco Carlos de Oliveira. “Porém, em algumas situações, como nas retomadas de velocidade, ainda há um vazio na aceleração”, diz.
Consumo
O principal objetivo da avaliação foi medir o consumo do 408 em situações de uso cotidiano, com combustível comum. Na maior parte do tempo, rodou com etanol no tanque. Apenas em uma situação foi abastecido com gasolina, no 5º dia, e por isso a média de consumo foi melhor (6,9 Km/l, com velocidade média de 30 Km/h; com etanol, e com mesma velocidade média, o consumo ficou em 5,5 Km/l).
Todos os dados foram coletados pelo computador de bordo do carro, que teve o funcionamento conferido por meio de um PLU, equipamento de medição de precisão de vazão de combustível em litros. Após rodar por mais de 4 horas em diferentes situações (trânsito pesado – velocidade inferior a 10 Km/h, trânsito médio – entre 11 e 30 Km/h, trânsito leve – entre 31 Km/h a 60 Km/h, trânsito livre/estrada – acima de 60 Km/h), concluímos que o medidor de consumo do computador de bordo do Peugeot é confiável, porém poderia ser um pouco mais eficiente, uma vez que o medidor de consumo instantâneo começa a exibir resultados apenas com velocidade acima de 30 Km/h.
Nos 30 dias de avaliação, foram percorridos 2.143 Km, a grande maioria deles em circuito urbano, onde a velocidade média é de aproximadamente 20 Km/h, e com o ar-condicionado ligado. Como resultado, o consumo médio foi de 5,2 Km/l. O melhor resultado foi obtido no 12º dia, quando rodamos 127 Km, com velocidade média de 42 Km/h, e consumo de 7,8 Km/l de etanol. O pior resultado foi medido no último dia, com consumo de 3,8 Km/l de etanol, em percurso de 34 Km e velocidade média de 20 Km/h.
A moral da história é que quanto mais livre o trânsito, melhor o consumo, porém é preciso ficar atento e acelerar com suavidade e progressividade. No período de avaliação, a velocidade média mais frequente foi 23 Km/h, com quatro ocorrências. Em uma delas, no 7º dia, o consumo foi melhor de todos, 5,2 Km/l, resultado direto de vias com menor índice de semáforos e situações de para-e-anda.
Para o porte do veículo, o consumo médio é considerado bom. Na última avaliação do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), o modelo apresentou consumo de 5,6 Km/l nos ensaios de laboratório, e classificação C na comparação relativa da categoria que pertence (Carros Extra Grande).
Críticas e recall
Se em consumo é honesto, ao apresentar números bem próximos entre testes de laboratório e nas ruas, há ainda pontos que podem ser melhorados. Os modelos 2014 receberam reforço na suspensão, para torná-los mais confortáveis. Funcionou bem, mas o consultor Carlos de Oliveira ainda reclama de barulho de batente. “Mesmo novo a gente ouve ruído da suspensão”, diz.
O modelo avaliado ainda não havia passado pelo recente recall que a Peugeot abriu em fevereiro deste ano, para atualização da calibração do módulo de controle do motor. Por este motivo, o consultor Sérgio Torigoe fez o seguinte comentário: “No primeiro dia com o carro quase colidi com um veículo que estava passando na rua quando fui tirar o carro da garagem, pois ao pisar no freio, o pedal ficou duro e demorou um pouco para responder. Se tivesse acelerado com um pouco mais de força, não teria conseguido parar”.
Segundo o comunicado da Peugeot, a inadequada calibração do módulo de controle do motor pode ocasionar geração de vácuo insuficiente para o adequado funcionamento do sistema de freios, até que o motor atinja a temperatura de 30ºC. O recall vale para 408 fabricados entre 18/4/2013 e 5/9/2013, com chassis de EG000080 a EG035923, não consecutivos. No site da Peugeot é possível saber se o modelo precisa ou não passar pelo recall, digitando o número do chassis.
Ficha técnica
Peugeot 408 Allure 2.0 Aut
Motor: dianteiro, 4 cilindros, 16 válvulas, gasolina
Cilindrada: 1.997 cm³
Potência: 151 cv a 6.000 rpm (etanol), 143 cv a 6.250 rpm (gasolina)
Torque: 22 / 20 kgfm a 4.000 rpm (e/g)
Câmbio: automático – 6 marchas
Direção: eletro-hidráulica variável
Tração: dianteira
Pneus: 225 / 45 R17
Freios: disco ventilado na dianteira e disco sólido na traseira, ABS com EBD
Dimensões: comprimento, 4.690 mm; largura, 1.815 mm; altura, 1.519 mm; entre-eixos, 2.710 mm
Peso: 1.494 kg
Volumes: porta-malas – 526 l; Tanque de combustível: 60 l
Desempenho: 0 a 100 km/h em 10,5/11,7 s (e/g); velocidade máxima de 209/205 km/h (e/g)
Editor da Revista Farol Alto