No mês passado, avaliamos uma picape Volkswagen Amarok com problemas de água no cabeçote, que após muito trabalho descobrimos a causa do defeito: o interior do refrigerador do sistema de EGR estava podre e a água ia para o cabeçote juntamente com o ar frio.
Dias depois de liberar o carro, uma outra Amarok chega à nossa oficina, Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe, dessa vez com um problema ainda maior. A picape ano/modelo 2013/2014, era idêntica a anterior, 2.0 turbodiesel, cabine dupla, 4×4, na versão S, com apenas 46.700 km rodado.
O carro chegou de guincho, pois não tinha partida. Engatamos o scanner na tomada de diagnóstico e nada. Também não havia comunicação com a ECU. Com o esquema elétrico do carro em mãos, retiramos o módulo para verificar a alimentação positiva e negativa, e neste momento encontramos o problema.
Antes, porém, é preciso comentar que a retirada do módulo da Amarok é um trabalho que exige ferramentas especiais, pois a ECU é fixada com parafusos lacre quebra-cabeça para dificultar o roubo do veículo.
Durante o procedimento de retirada do módulo, observamos que o motor do veículo havia sido lavado. Infelizmente, muitos ainda insistem em jogar água no motor para deixá-lo ‘impecável’. E isso é um erro. Um erro muito grande e que pode custar muito caro.
Defeito
Retiramos o módulo e descobrimos que os pinos estavam oxidados, e quatro deles havia quebrado, dano causado provavelmente pela água utilizada na lavagem do motor. É até difícil de acreditar que isso possa acontecer, pois o chicote é bem protegido, mas quando o assunto é água no compartimento do motor, nada é impossível. As imagens não nos deixa mentir.
A solução mais simples para este tipo de problema é trocar o módulo. Afinal, o que se há de fazer, correto? Consultamos uma concessionária e descobrimos que uma ECU da Amarok custa R$ 14.000, e claro, o dono do carro ficou com os cabelos em pé, e pediu para tentarmos recupera o existente. Sem prometer fazer milagres, fomos atrás de uma solução.
Conseguimos com muito esforço e trabalho digno de relojoeiro limpar os contatos e refazer os pinos, com um processo de soldagem fino. Não ficou como novo, mas bom o suficiente para fechar contato e fazer o carro funcionar.
Este não é um defeito corriqueiro da Amarok e nem tampouco exclusivo. Nos veículos modernos, lavar o motor é como jogar na loteria, mas de forma invertida. Se for premiado, perde um monte de dinheiro. Neste caso, conseguimos encontrar uma alternativa e, ao invés de gastar R$ 14.000 em um módulo novo, o cliente desembolsou apenas R$ 2.000. Assim, recomendamos a nunca, jamais, lavar o motor, pois não há justificativa que compense o possível prejuízo.
E mais um detalhe: não há garantia do serviço, pois ainda pode haver água no chicote e voltar a acumular nos conectores.
Editor da Revista Farol Alto