Os clientes de serviços automotivos estão cada vez mais atentos e exigentes, e por isso nos dias atuais o reparador precisa, além de saber trabalhar, saber o que está usando nos veículos em termos de peças de reposição.
Prova disso é uma situação ocorrida aqui na oficina, a Automecânica e Elétrica Morikawa. Um cliente chegou para fazer revisão de um carro usado que tinha acabado de comprar. Era um Chevrolet Montana 2009 1.8 flex. Fizemos um check-list visual de todo os itens e segundo o cliente, o proprietário anterior comentou que havia trocado o kit de transmissão (correia dentada, bomba d’água, rolamento tensor e demais componentes) há 20.000 km.
Mesmo assim fizemos uma avaliação do sistema e quando removemos a capa protetora da correia dentada encontramos um problema muito sério. E, o pior de tudo é que este não foi o primeiro caso desse tipo que pegamos na oficina. Nos últimos dois anos, nos deparamos com outros dois casos idênticos: correia dentada desgastada de forma irregular, com metade da largura de fábrica.
Em todos os casos, um vilão em comum: a bomba d’água com polia de plástico. De alguma forma, a correia é danificada ao passar pela bomba d’água, tanto que os resíduos de borracha ficam acumulados nos dentes da polia e em todo alojamento da correia dentada. É um problema de engenharia da peça e que precisa urgentemente de correção.
Nos três casos a peça era do mesmo fabricante, aplicada no motor GM 1.8 Flex, mas em modelos de veículos diferentes. É preciso lembrar que esse motor era usado também em veículos Fiat, assim não será espanto saber de casos em modelos da montadora de origem italiana.
Para ter certeza absoluta que o problema era (e ainda é) a bomba d’água, substituímos o componente e monitoramos a cada 5.000 km. Foi assim no primeiro e segundo casos, nos anos anteriores. Em ambos a mesma constatação.
Entramos em contato com o fabricante da peça, que é da região de Campinas, mas em nenhuma das vezes recebemos retorno. O pior de tudo é que a marca em questão era, até então, de boa qualidade e procedência. Isso nos leva a crer que tanto o reparador quanto o consumidor final precisa ficar muito atento na hora de escolher a marca das peças que instala no veículo, pois algumas empresas têm simplesmente embalado os produtos sem mais os mesmos critérios de qualidade.
Desde aquela época não compro mais dessa marca, e inclusive nossos fornecedores também pararam de trabalhar com ela. Lamentamos muito tudo isso, principalmente a falta de atenção do fabricante em relação ao atendimento ao cliente.
Não estamos aqui para jogar pedras, mas para ajudar, pois o trabalho do reparador depende da qualidade dos componentes instalados. Se não podemos contar com um mínimo de atenção, só nos resta lamentar.
Editor da Revista Farol Alto