Muitas vezes, os carros produzem barulhos irritantes, consequência direta de pequenas imperfeições que infelizmente não são detectadas durante o projeto. Outros são causados por desgaste de componentes, como o caso que tivemos recentemente na nossa oficina.
O carro era um Peugeot 307, 1.6 16V, 2007, 138.000 km, com câmbio manual. Trata-se de um bom carro, mas que demanda cuidados especiais. Além disso, esse é o tipo de problema que qualquer carro com câmbio manual está sujeito a apresentar.
O cliente chegou à oficina reclamando de um barulho estranho que a princípio parecia rolamento de roda. Um tec-tec-tec sem fim. Durante o processo de diagnóstico descartamos os rolamentos de rodas, pois verificamos que o ruído cessava quando a embreagem era acionada. Passamos a suspeitar da caixa de câmbio, e a desacoplamos e retiramos do veículo.
Descobrimos que o rolamento de apoio do pinhão do câmbio estava com os espaçadores quebrados e ele era o responsável pelo barulho irritante. A solução foi simples, apesar de trabalhosa, pois para se ter acesso ao rolamento é preciso desmontar a caixa inteira.
Trocamos o rolamento por um novo, aproveitamos para dar uma geral nas engrenagens, e remontamos a caixa de câmbio no veículo. Trocamos os retentores e o óleo do câmbio. Pelo trabalho que dá, a conta ficou alta: R$ 1.100.
Por isso, recomendamos sempre evitar deixar o carro esquentando na garagem. De fato, este tipo de problema era muito comum antigamente, na época dos carros carburados, mas nos dias de hoje são mais raros.
Isso costuma acontecer quando se liga o carro pela primeira vez no dia e, ao invés de sair rodando, o deixa parado, para esquentar o motor. Ocorre que após algumas horas parado, o óleo desce para o reservatório e até chegar aos rolamentos do câmbio eles rodam à seco, assim que é dada a partida, e se o carro não movimenta, a lubrificação fica deficiente.
Por isso a recomendação hoje em dia é diferente da de antigamente. Os carros com injeção eletrônica são programados para funcionar bem desde a partida, sendo que o ideal é por o carro em marcha assim que ligar. Já antigamente, para o motor render bem, era importante aquecê-lo um pouco antes de sair rodando.
Por isso casos como esse são bem mais raros nas oficinas hoje em dia, mas ainda acontecem.
Editor da Revista Farol Alto