Defeitos intrigantes – Seca misteriosa

Francisco Carlos de Oliveira Stilo Motores  Rua Mariquinha Viana, 700, Mandaqui  (11) 2977-1124
Francisco Carlos de Oliveira
Stilo Motores
Rua Mariquinha Viana, 700, Mandaqui
(11) 2977-1124

A princípio, o dono do carro não entendeu nada. Também, essa era difícil de engolir. O carro chegou de guincho na oficina, um Hyundai HB20 1.6l, 2013, com 30.000 km rodados. A aparência não era muito boa, alguns ralados nas laterais e uma marca no parachoque, mas trata-se de um carro novo.

O diagnóstico foi simples. O motor ferveu e aqueceu tanto que chegou a queimar a junta do cabeçote. Mas, por que ferveu? Normalmente, um motor sobreaquece por causa de algum tipo de vazamento, mesmo que pequeno. Neste caso, não havia vazamento.

Ocorreu, porém, que meses antes, o motorista deu uma batidinha que resultou em uma marca no parachoque dianteiro. Não foi muito rápido, pelo contrário, foi bem devagar, dessas que a maioria dos velocímetros não marca, pois a velocidade não chaga a 15 km/h.

Foi leve, mas o suficiente para amassar a alma do parachoque, que entortou o radiador e afetou o funcionamento da ventoinha, que girava, mas trabalhava forçada, com velocidade reduzida. Foram meses assim.

Carro ferveu e queimou a junta
Carro ferveu e queimou a junta

Com o motor do carro trabalhando mais quente do que devia, o líquido de arrefecimento ia evaporando e, à medida que o volume diminuía, a pressão aumentava. E como a ventoinha funcionava mal, todo o sistema entrou em colapso até que o carro parou de vez.

O mais interessante é que sempre que o problema aparecia somente quando pegava a estrada. Após rodar vários quilômetros, o carro fervia. A solução era por água no reservatório, mas o defeito sempre voltava. Na primeira vez que ferveu, o reservatório estava vazio. E, como nunca encontrou nenhum tipo de vazamento aparente, não entendia como a água evaporava.

Alma metálica do parachoque amassou e afetou o bom funcionamento da ventoinha
Alma metálica do parachoque amassou e afetou o bom funcionamento da ventoinha

A solução do problema foi relativamente fácil, mas nada barata. O orçamento final ficou em R$ 2.800, pois foi necessário trocar a ventoinha e a junta do cabeçote do motor, além de consertar o radiador, o trocador de calor do ar-condicionado e, claro, a alma do parachoque.

Se o motorista tivesse trazido o carro para a oficina logo que percebeu a falta de água, provavelmente a junta do cabeçote não teria sido danificada e o estrago seria menor. Porém é realmente difícil conseguir relacionar a batidinha do parachoque com a temperatura do motor. Esse tipo de defeito é intrigante e gera uma dúvida: foi azar ou há uma deficiência no projeto? Acredito que com uma mudança simples no projeto da estrutura do parachoque carro, esse tipo de situação poderia ser evitada.

Alexandre Akashi

Editor da Revista Farol Alto

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