Durante muitos anos, o Citroën Picasso 1.6 16V 2010 funcionou perfeitamente bem. As revisões eram feitas regularmente, e nada havia para dar errado. Porém, aos 149.000 km, o carro começou a esquentar demais, sem nenhum sinal aparente de vazamentos no sistema de arrefecimento.
Além disso, o defeito era intermitente. Não era sempre que aparecia. Alguns dias causava dor de cabeça, noutros funcionava como o esperado. Estava estranho. Foi assim que recebemos o carro aqui na oficina.
O diagnóstico para esse tipo de defeito é simples, porém exige que o carro durma na oficina. Logo de manhã, ao chegar, verificamos o nível de líquido de arrefecimento e demos a partida no motor. Imediatamente começamos a procurar micro vazamentos, mas como não havia relato de redução no volume de fluido, fizemos somente uma varredura visual.
Deixamos o carro funcionando para que o motor atingisse a temperatura ideal de trabalho. Assim que esquentou, começamos a perceber uma certa deformação na mangueira superior que liga o bloco ao radiador. À medida que a temperatura no cofre do motor subia, a borracha se contorcia, até que estrangulou e começou a impedir a passagem do líquido de arrefecimento.
Estava encontrado o defeito. A mangueira, feita de borracha, era original de fábrica, que veio com o veículo. Foram raras as vezes que vi isso acontecer. Um carro 2010, com seis anos de uso, é relativamente novo, não deveria apresentar esse tipo de problema. Afinal, muitos carros bem mais velhos rodam com peças de borracha do tempo que foram montados, e nunca deram problema.
De certa forma, trata-se de uma questão de sorte. A vida útil de uma peça de borracha é de 5 anos, normalmente. Após esses período, tende a perder as características para a qual foi projetada e pode apresentar distorções e mal funcionamento. Isso acontece inclusive com pneus.
No caso deste veículo, a peça ainda sofria com variações de temperatura extremas, por ficar entre o coletor de escape e o radiador. Assim, a solução foi a substituição do componente, por outro novo. Porém, neste caso, optamos por instalar a mangueira original do Peugeot 206, que possui geometria diferente apesar de o motor ser o mesmo. A vantagem é que a mangueira nova não passa na frente do coletor nem radiador, e assim sofre menos com a alta temperatura desses componentes.
Editor da Revista Farol Alto