Desde sempre, os Consultores Automotivos da Revista Farol Alto denunciam nos artigos aqui publicados os malefícios do combustível adulterado, seja com excesso de etanol na gasolina ou mistura de substâncias estranhas à gasolina, e ainda acréscimo de água no etanol.
Recentemente, um telejornal regional da cidade de São Paulo, de uma emissora que se vangloria de ter mais de 100 milhões de telespectadores, decidiu fiscalizar os postos de combustíveis que vendem gasolina a preços mais baixos do que a média da pesquisa realizada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O resultado é catastrófico, claro.
Além de conter muito mais etanol do que o permitido por lei, alguns postos vendem outras substâncias ao invés de gasolina, e tem aqueles que ainda adulteram as bombas, para ludibriar o consumidor na quantidade de combustível. São truques baratos, de empresários que deveriam estar enjaulados juntamente com aqueles que fraudam licitações e roubam merendas escolares.
O prejuízo é do motorista, que acaba pagando caro depois, na conta da oficina, pois a curto prazo, o veículo começa a apresentar sintomas de falhas e excesso de consumo. São defeitos colocados, pelo próprio consumidor e, ao contrário do que muitos pensam, não é bom negócio para a oficina, pois gera retrabalho uma vez que o dono do carro sempre volta com o mesmo defeito, alguns meses depois de consertar o carro, exigindo garantia do serviço.
Mas, ele continua abastecendo no posto com menor preço do combustível, como um sado-masoquista ou mulher de malandro, que quanto mais apanha mais se apaixona. Fato é que o consumidor é o elo mais fraco dessa cadeia e, ao mesmo tempo, o mais forte.
Mais fraco pois é o mais prejudicado, e mais forte pois é o que tem o poder da denúncia, algo que infelizmente não está preparado e nem tem cultura para fazer, pois como brasileiro prefere ser um coitado a um agente da mudança.
Nas páginas seguintes, o Consultor Sérgio Torigoe apresenta mais um caso de defeito causado por combustível de qualidade duvidosa, que chega a derreter os filtros internos das válvulas injetoras dos motores Honda. É alarmante, pois nem sempre é possível recuperar o bico injetor, sendo necessária a troca do componente, o que encarece muito a manutenção.
Torigoe ensina o que fazer para correr menos risco ao abastecer o veículo. A primeira dica é sempre ir em horário comercial, quando há maior chance de fiscalização. A segunda é sempre abastecer no mesmo posto, assim se houver grande diferença de consumo ou o motor apresentar falhas, sabe-se a origem do combustível. Outra dica é sempre pedir a nota fiscal, e há ainda os telefones de denúncia da ANP.
Enquanto o país não toma vergonha, administradores públicos e população, é preciso ser mais esperto do que os espertos, e rezar por dias melhores e pelo amadurecimento da nação.
Alexandre Akashi
Editor
Editor da Revista Farol Alto