Em 1983 o mercado brasileiro conheceu o primeiro carro mundial da Ford, o Escort. Desde o início ele conquistou os jovens daquela época. A carroceria era diferente, faróis retangulares, janelas amplas e traseira curta, ele se destacava no cenário dos veículos nacionais. O modelo ganhou uma versão esportiva XR3, que oferecia a opção conversível.
Quando chegou ao Brasil, o Escort já estava na terceira geração na Europa, onde fez grande sucesso. Equipado com motor transversal, tração dianteira e suspensão independente nas quatro rodas, calibrada para mercado nacional, tinha tamanho compacto (3,97 m) e o menor coeficiente aerodinâmico do país (0,385 Cx).
Em um tempo onde a tecnologia de motores flex não existia, o Escort oferecia versões a álcool ou a gasolina dos modelos 1.3 e 1.6. O desempenho econômico, a direção leve e agradável, a ampla visibilidade, o baixo nível de ruído e o acabamento interno eram outros pontos elogiados do carro. A embreagem com ajuste automático de folga e a garantia de três anos contra corrosão eram outras novidades.
O Escort foi o primeiro carro brasileiro a oferecer simultaneamente a opção de duas ou quatro portas e tinha três versões de acabamento: básica, L e GL. A versão Ghia, de luxo, chegou com vidros e travas elétricos, vidros com efeito dourado, limpador de pára-brisa ajustável e indicadores de desgaste do freio, nível de combustível, óleo e líquido de arrefecimento. Os bancos de veludo e o relógio azul no teto eram itens adicionais de requinte.
A versão esportiva XR3 (de Experimental Research 3) se tornou o ícone da linha, com quatro faróis auxiliares, aerofólio traseiro, teto solar, rodas de 14 polegadas no estilo “trevo de quatro folhas” e pneus de perfil baixo – outra novidade em carros nacionais. O motor 1.6 com calibração especial oferecia 10 cv a mais de potência. A versão Escort XR3 Conversível chegou em 1985 e tornou-se o sonho de consumo da época.
Três anos depois do lançamento, veio a reestilização, com mudanças no capô, grade, faróis, piscas e para-choques envolventes e passou a ser equipado somente com motor 1.6 e duas portas. Com a formação da Autolatina, em 1989 as versões XR3 e Ghia receberam o motor AP 1.8 e a família foi ampliada com um sedã de duas portas, o Verona.
Em 1991 a linha ganhou um sedã de quatro portas, chamado Guarujá, produzido na Argentina, e a série especial Fórmula, com amortecedor eletrônico e bancos Recaro. Quase uma década após o lançamento, a Ford apresenta a segunda geração, com uma carroceria maior totalmente nova e interior modernizado. O XR3 recebeu motor 2.0 com injeção eletrônica e a carroceria antiga continuou a ser produzida na versão Hobby para o segmento de carros populares, com motor 1.6, depois trocado pelo 1.0.
Com a criação do Mercosul, em 1996, o Escort passou a ser produzido na Argentina com nova frente, motor 1.8 Zetec e o fim das versões XR3, Ghia e Hobby. No chamado modelo 1996 e meio, o hatch voltou a ter quatro portas e o nome Verona foi trocado por Escort Sedan. Foram introduzidos também a perua Escort Station Wagon e o esportivo hatch RS, com duas portas. Caminhando para o final de sua produção, isso nos anos 2000, a montadora lança o Escort motor Zetec Rocam 1.6 nacional, que seguiu até sair de linha, em 2003. Atualmente, a Ford usa o nome Escort em um sedã médio produzido na China, mas sem nenhum parentesco com o antigo modelo.
Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo