Como se faz para dar partida no carro? As respostas podem parecer obvias: girar a chave ou apertar o botão de partida. Mas a realidade dos antigos motoristas, lá pelos anos 1900 era bem diferente. A partida de um veículo era um processo complexo que compreendia cerca de dez etapas, que apenas um motorista bem treinado dominava. Ligar a ignição com o comutador rotativo era apenas uma dessas etapas.
O ano de 1910 marca o nascimento da chave do carro e também o começo na prevenção de roubos de veículos. As chaves eram usadas para bloquear o circuito elétrico da ignição, mas os motoristas ainda precisavam acionar o motor. No início dos anos 20, as pessoas passaram a trancar as portas dos carros, mas precisavam de uma outra chave para fazer isso. O sistema de ignição passou a não só a bloquear o circuito elétrico, mas também acionava o arranque.
Nos anos 1960 boa parte dos automóveis tinham chaves diferentes: uma para a porta e outra para a ignição. Então, uma chave única para ambas as situações foi, lentamente, se tornando padrão.
Com o tempo as chaves foram se aprimorando, até que em meados dos anos 1990, os sistemas de travamento central começaram a ter grandes avanços. Desde então, os motoristas não precisaram mais trancar cada porta separadamente. A primeira chave de controle remoto facilitou (des)trancar o carro ainda mais –apenas um clique e todas as portas estão abertas. E se os motoristas não conseguissem se lembrar exatamente onde estacionaram o veículo, o controle remoto poderia ajudar a localizá-lo. As novas chaves também ganharam a função de ligar o motor do carro.
A vez dos smartphones
Como a tecnologia não para, a Bosch desenvolveu o sistema keyless para carros funcionando como uma chave virtual armazenada em um smartphone. Os sensores instalados no carro reconhecem o smartphone do proprietário com a mesma exatidão que uma impressão digital e abrem o veículo apenas para eles. O gerenciamento de chave digital vincula o aplicativo e o veículo por meio da nuvem.
Na Alemanha uma pesquisa encomendada pela empresa constatou que 76% dos motoristas acham as chaves do carro um problema e muitos condutores prefeririam acionar seus veículos usando um smartphone. Motoristas com menos de 40 anos, ou que dirigem com certa frequência, tiveram experiências negativas com as chaves convencionais.
Segundo a pesquisa, 45% dos entrevistados afirmam não saber onde guardar as chaves, enquanto 44% disseram que já perderam as chaves e levaram muito tempo para encontrá-las, enquanto 38% dizem ter perdido completamente. Alguns costumavam ver a chave do carro com controle remoto sem fio e o logo da montadora como um símbolo de status, mas agora apenas 6% dos entrevistados afirmam isso.
A Bosch está desenvolvendo o aplicativo Perfectly Keyless para habilitar a possibilidade de abrir e ligar o veículo sem precisar usar uma chave ou pegar o smartphone. Sensores integrados ao veículo identificam o smartphone do dono e abre as portas apenas para ele – o nível de segurança oferecido é comparado com a tecnologia de impressão digital. Também não há problema em desativar o sistema se o smartphone for perdido. Além disso, o aplicativo pode ser configurado para permitir o acesso de outros motoristas por um período determinado.
Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo