Qualquer apaixonado por corrida de automóvel sabe onde está localizado o autódromo de Monza: na Itália. Mas para a Prefeitura do Rio de Janeiro, o circuito fica mesmo no bairro de Deodoro, Zona Oeste da capital fluminense. Pelo menos é com base no circuito italiano que o Município vem divulgando nas suas redes sociais as vantagens de a cidade voltar a contar com um autódromo.
A certeza de que o Rio voltará a sediar uma das etapas da Fórmula 1 já foi anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro, junto com o governador do Estado Wilson Witzel e do prefeito Marcelo Crivella, embora o poderoso chefão da categoria Chase Carey não tenha dado a mesma garantia. Inclusive, ele também não garantiu a prova em Interlagos, em São Paulo.
Na verdade o futuro autódromo carioca é alvo de investigação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), por causa de licitações e falta de licença ambiental, entre outros problemas que envolvem o projeto.
O circuito terá 5.386 metros e 20 curvas, com capacidade para até 80 mil pessoas e o projeto é assinado pelo arquiteto alemão Hermann Tilke, responsável por vários autódromos como de Sakhir (Baherin), Austin (Estados Unidos), Xangai (China), entre outros. A obra tem um custo estimado de R$ 850 milhões e toda essa verba viria da iniciativa privada.
Aliás, problemas é o que não faltam para o futuro circuito, desde a disputa com São Paulo, onde o grande prêmio tem sido disputado nos últimos anos, e encontrar interessados na construção do autódromo, que teria que estar pronto em 2021, quando receberia as equipes da Fórmula 1.
Procurada a Prefeitura do Rio não respondeu aos questionamentos feitos pelo Farol Alto, até o momento da publicação.
Área de risco
Localizado em uma área que já pertenceu ao Exército, o futuro autódromo está cercado por comunidades dominadas pelo tráfico ou pela milícia, sem contar que a Avenida Brasil , que é um acesso. Em obras desde antes dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo, o serviço ainda não foi concluído e não há prazo para seu término.
Ainda que o autódromo seja concluído, a Prefeitura do Rio de Janeiro terá que investir milhões de reais para que a toda a obra tenha sido finalizada, sem contar as toneladas de asfalto que serão necessários para recuperar o piso de uma das principais vias expressas da capital fluminense.
O público, caso realmente o autódromo saia do papel, poderá acessar o circuito através da via expressa Transolímpica, que liga a Barra da Tijuca e vários bairros até Deodoro. Pedagiada, é mais segura para aqueles que estiverem hospedados em um dos hotéis na Barra da Tijuca. Mesmo assim , o motorista terá que utilizar um trecho da Avenida Brasil para chegar ao futuro autódromo.
Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo