A eficiência e a segurança das cadeirinhas para o transporte de crianças inegável, mesmo assim diariamente, em estradas de todo o mundo, cerca de 300 crianças com menos de 15 anos morrem em acidentes de trânsito. Embora o número seja expressivo, houve uma redução se comparado a 1990 quando era duas vezes. No Brasil desde que se tornou obrigatório, o número de mortes de crianças entre 0 a 9 anos reduziu 12,5%.
Teste de colisão feito recentemente pelo Road Safety Report da Dekra revelou a importância do equipamento. Mesmo assim, ainda há pais que não protegem seus filhos ou o fazem incorretamente. Em países onde não é obrigatório o uso das cadeirinhas de segurança, as consequências são preocupantes. Na França, por exemplo, estatísticas oficiais de acidentes demonstram que cerca de 20% das crianças e jovens que morreram em acidentes de carro em 2017 estavam soltas dentro do veículo, sem o uso de equipamentos adequados. Os EUA registraram números semelhantes em 2016, onde 17% das vítimas de acidentes de trânsito com menos de 15 anos não estavam seguras.
O pesquisador de acidentes da Dekra Andreas Schäuble destaca a necessidade do cinto de segurança estar colocado corretamente. “Se o cinto não estiver colocado corretamente, a criança pode bater no teto em uma situação de emergência e isso pode resultar em ferimentos graves, como compressão da coluna vertebral. Se a criança estiver presa com folga demais no assento ou se ele não for do tamanho adequado, uma colisão poderia levar a ferimentos de flexão graves e a uma extensão excessiva das vértebras do pescoço, resultando em danos permanentes ao sistema nervoso. Se a cabeça da criança atingir o banco da frente, isso pode, no pior dos casos, causar uma lesão cerebral traumática”, explica.
Um teste de colisão feito recentemente na velocidade de 50 km/h em áreas urbanas deixou claro o que acontece em um acidente quando uma criança não está segura: “Para a medição, usamos dois bonecos — com altura de 1,13 metros e o peso de 23 quilos —, representando duas crianças de seis anos de idade: um foi preso adequadamente a uma cadeira de segurança e o outro ficou sentado sem restrições no banco de trás”, detalha Peter Rücker, do Dekra Crash Test Center.
No teste enquanto o boneco da criança que estava devidamente segura é contido pelo cinto e protegido pela cadeirinha; o outro — que estava solto e inseguro — voa dentro do veículo, resultando em vários impactos. “Se isso não fosse um teste de colisão, mas um acidente na vida real, essa criança praticamente não teria chance de sobrevivência. Além disso, qualquer passageiro no banco da frente também seria colocado em sério risco”, alerta Rücker.
Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo