Há meio século a Chrysler lançava no Brasil um modelo que nos Estados Unidos era considerado um carro popular, mas por aqui chegou com fama de requintado: o Dodge Dart, ou Dodjão, como era popularmente chamado. O sedã de quatro portas era produzido na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), e contava com um motor V8, 5.2 litros, 198 cavalos de potência a 4.400 rpm e torque de 41,5 kgfm a 2.400 rpm, fazia de 0 a 100 km/h em 12 segundos, câmbio manual de três marchas(a alavanca ficava na coluna de direção).

Produzido até 1981, o Dodge Dart se destacava no cenário dos “anos de chumbo” pela estabilidade, direção suave, linhas harmoniosas, e possuía um quadro de instrumentos completo, que incluía hodômetros total e parcial, relógio elétrico e indicadores de pressão do óleo, carga da bateria, nível do combustível e temperatura do moto, luz que acendia em volta do miolo da ignição por 20 segundos após a abertura da porta, para ajudar o motorista a inserir a chave no escuro, e as luzes de cortesia no porta-luvas, porta-malas e compartimento do motor.
Ao longo de sua vida no Brasil foram produzida 93.008 unidades. Passados tantos anos, o Dodjão ainda chama a atenção. A explicação para isso é do engenheiro e proprietário de uma oficina mecânica em Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Dilson Redinger. “Embora nos Estados Unidos ele fosse um carro comum, chamava a atenção por uma série de fatores como ter um motor potente, a estabilidade era ótima, além de oferecer muito conforto. Sem contar a versão esportiva (R/T), que era incrível”, comenta.

O modelo R/T contava com um propulsor V8 de 215 cavalos, e tinha como opcionais a direção hidráulica e câmbio automático.
Durante os cerca de vinte anos de produção o Dogd Dart passou por várias mudanças, desde uma versão Coupé, de duas portas, sem as colunas centrais e com as colunas traseiras mais inclinadas. Em recebeu nova grade dianteira, quadro de instrumentos redesenhado e duas novas versões: Gran Coupé e Gran Sedan.
No final do ano de 1979, o Dart recebeu dianteira e traseira iguais às usadas nos últimos anos de produção nos EUA, enquanto as versões topo como Magnum (duas portas), Le Baron (quatro portas) e Charger ganharam uma frente inteiramente nova, desenvolvida no Brasil pelo designer Celso Lamas. O Charger trazia as primeiras rodas de alumínio de um automóvel brasileiro de série, enquanto o Magnum tinha como opcional outra novidade no país: teto solar com comando elétrico.
Em 1981 foram montados os últimos modelos da linha Dodge no Brasil – complementada pelo médio Polara e por picapes e caminhões. A Chrysler do Brasil havia sido comprada dois anos antes pela Volkswagen AG, que decidiu encerrar as atividades da Dodge, apesar de haver prometido o contrário após a aquisição.

Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo