Anfavea prevê crescimento menor na produção de veículos

O crescimento da produção de veículos automotores deve ter um crescimento este ano, de 4,1%, em comparação a 2021. Segundo dados estatísticos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), apresentados nesta sexta-feira (08/07) durante coletiva de imprensa virtual, a expectativa é que sejam produzidos 2.34 milhões de veículos, entre automóveis, utilitários leves, caminhões e ônibus. No início de 2022, a previsão era de um crescimento na faixa de 9%.

A revisão dos números não ficou restrita unicamente à produção.  A venda de veículos também foi reduzida, passando dos 8,5% previsto no início do ano, para 1%. Ou seja, a entidade trabalha o licenciamento (vendas) em torno de 2.14 milhões de unidades. O ponto positivo dos dados é o aumento das exportações, 460 mil veículos.

Durante a coletiva o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, revelou que o baixo desempenho dos fabricantes de veículos no primeiro trimestre de 2022 teve entre seus fatores o lockdown na China, a paralisação por dois meses do maior porto do mundo, o de Xangai, além da guerra na Ucrânia, que afetou a produção de semicondutores. Com isso, muitos fabricantes de veículos no Brasil, tiveram que parar a produção ou reduzi-la. Segundo o executivo cerca 170 mil veículos deixaram de ser produzidos desde o início do ano, por falta de peças ou componentes eletrônicos.

“A crise global dos semicondutores vem se prolongando mais do que esperávamos em janeiro, em função de novos fatores como a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China causados pela nova onda de covid, que afetam o fornecimento de insumos e a logística global”, disse Márcio de Lima Leite.

Já em relação ao setor de caminhões foi registrado um crescimento entre maio e junho de 2022, de 5,6%. A alta foi puxada pelo agronegócio, mineração e construção civil. As vendas de ônibus também forma positivas, segundo a Anfavea. Os miniônibus representaram 7%, micro-ônibus 17%; urbanos e Caminho da Escola (28%), fretamento (6%) e rodoviário (14%), mesmo com os mesmos fatores que tem afetado os fabricantes de veículos de passeio.

A venda de ônibus e caminhões elétricos teve uma alta de 36%, quando comparada a 2021. No período de janeiro a junho deste ano, foram vendidas 425 unidades, contra 313 no ano anterior.

Exportações, crédito e empregos
Lembrou que anteriormente o 60 a 70% dos veículos eram adquiridos através de financiamento. Atualmente, ocorreu uma mudança importante. A venda maior é à vista e quando ocorre o parcelamento, a entrada é maior e o número de prestações menores.

Enquanto o mercado nacional vai se ajustado as questões econômicas, as exportações tem folego novo com a recuperação das vendas para a Argentina, Colômbia, Chile, Peru, Uruguai e México. Até agora, foram exportadas 246 mil unidades, sendo que só em junho foram 47.3 mil, uma alta de 33,7%.

Junho representou uma ampliação de vagas de trabalho, com 705 empregos diretos. Desde o início de 2022 até agora são 1.488 vagas. No setor de máquinas autopropulsadas, foram 2.700 novas vagas, que representam cerca de 27 mil empregos diretos. “Em meio a tantas paralisações por falta de componentes, essas contratações revelam a resiliência das empresas do setor e uma aposta na recuperação do mercado”, finaliza Leite.

Antonio Puga

Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo

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