Dória irá buscar comprador para fábrica da Ford

O governador de São Paulo João Dória esteve reunido nesta quinta-feira (21/2), com o CEO da Ford América do Sul, Lyle Watters. O encontro teve com objetivo buscar uma saída para a fábrica da marca em São Bernardo do Campo (SP), que será desativada. Após a reunião, Dória anunciou que, na semana que vem, o governo do estado vai buscar um comprador para a fábrica, no intuito de manter os empregos.

A reunião aconteceu no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Também estiveram presentes o vice-presidente de Assuntos Governamentais, Comunicação e Estratégia da Ford na América do Sul, Rogelio Golfarb; o vice-governador e secretário de governo, Rodrigo Garcia; o secretário da Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles; e o assessor da secretaria da Fazenda e Planejamento, Gustavo Ley.

O prefeito de São Bernardo disse que foi surpreendido com a notícia sobre o fechamento da fábrica na cidade. E que a medida traria um grande impacto de arrecadação para a cidade, de R$ 4 milhões em ISS por ano e de R$ 14,5 milhões em transferência do ICMS.

“Foi uma reunião longa e dura”, disse Doria, ao fazer o anúncio. “[A decisão] é que governo de São Paulo vai buscar comprador para essa fábrica para a preservação do parque fabril e dos empregos”, acrescentou.

Segundo o governador, como o fechamento da fábrica não será imediato, mas ao longo de 2019, nesse período o governo pretende ajudar a Ford a encontrar um comprador para a fábrica. “Não há preocupação imediata dos funcionários da Ford, na perda de seus empregos. Vai continuar normalmente. Ao longo desse período, o governo vai ajudar a Ford a encontrar um comprador para o parque fabril para que ali possam permanecer os trabalhadores, ainda que com uma nova marca assumindo o parque industrial”, afirmou.

A Ford garantiu que a fábrica de Tatuapé, onde há 1,6 mil trabalhadores, e as sedes de Tatuí, com 270 funcionários, e de Barueri, com 170 funcionários, não serão afetados. Também serão mantidos, segundo Dória, o centro administrativo da Ford em São Bernardo do Campo.

Sindicato
Nenhum representante de sindicato dos trabalhadores foi convidado a participar do encontro. Em vídeo divulgado no site do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o presidente Wagner Santana, criticou o governo e a Ford por não convidarem os trabalhadores para participar da reunião.

“Ficamos sabendo, através da imprensa, que ocorrerá às 10h uma reunião com o governador, o presidente da empresa e também o prefeito da cidade. Solicitamos que a gente pudesse, como trabalhadores, os mais afetados por essa decisão, participar dessa reunião. Recebemos o retorno do gabinete do governador dizendo que eles não nos queriam nessa reunião”, disse o sindicalista.

O governador João Dória confirmou que o governo não convidou os sindicalistas para participar da reunião. “Não foi feito convite porque não era o momento para ter o sindicato participando da reunião. Mas haverá, no momento oportuno. Primeiro, precisávamos ter o diagnóstico. Saímos de uma reunião de forma positiva. Agora, temos um cenário melhor, mais tranquilizador. Oportunamente eles serão convidados para a conversa conjuntamente com a Ford”, disse.

Segundo o sindicato, a decisão afetará cerca de 4 mil trabalhadores diretos e terceirizados. Após uma assembleia realizada na terça-feira (19), os trabalhadores decidiram entrar em greve. Nova assembleia foi marcada para próxima terça-feira (26).

A Ford tem três fábricas no Brasil, em Camaçari (BA), São Bernardo do Campo (SP) e Taubaté (SP), e um campo de provas em Tatuí (SP). Em São Bernardo do Campo há 2.800 empregados, segundo o sindicato da categoria. “Sabemos que essa decisão terá um impacto significativo sobre os nossos funcionários de São Bernardo do Campo e, por isso, trabalharemos com todos os nossos parceiros nos próximos passos”, disse, em nota, Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul.

*Com informações da Agência Brasil

Antonio Puga

Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo

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