O futuro, hoje

Visitar a mostra de tecnologia do Congresso SAE BRASIL é sempre um bom programa, pois é possível visualizar o trabalho das engenharias veiculares, alguns já prontos e aguardando um cliente (no caso as montadoras), outros em desenvolvimento ou ainda em processo de aprimoramento.

Algumas montadoras participaram da edição deste ano, como Chevrolet, Ford, Toyota, Mercedes-Benz e MAN, para exibir os mais recentes lançamentos, veículos que chegam ao mercado com a maior quantidade de tecnologia possível, isto é, que o consumidor pode pagar. Os maiores destaques foram o Chevrolet Equinox, o Toyota Prius e o Volkswagen e-Delivery.

Mas, o mais interessante foram as tecnologias apresentadas pelos sistemistas, gigantes da indústria de autopeças, que desenvolvem inovações disruptivas, algumas a pedido das montadoras, outras por conta própria, pois acreditam que beneficiariam clientes e consumidores.

Destaque para a Scheaffler, que no estande levou um conjunto amplo de produtos já prontos, em que era possível fazer um tour por tecnologias que tornam os veículos mais eficientes, rodam mais por litro de combustível, até a eletrificação. “Queremos mostrar que estamos prontos para atender o mercado, pois nos antecipamos e desenvolvemos produtos para diversas aplicações”, disse Claudio Castro, diretor Executivo de Pesquisa e Desenvolvimento América do Sul da Schaeffler.

Uma dessas tecnologias é o e-Cluch, sistema de engate eletrônico de marchas que pode ou não eliminar o pedal de embreagem, assim como a alavanca de trocas de marchas. O diferencial em relação aos sistemas já no mercado (Dualogic e iMotion) é que não há componentes hidráulicos, o que o torna mais simples e, consequentemente, mais baratos.

Outra tecnologia interessante apresentada foi o módulo híbrido, sistema similar ao utilizado no Toyota Prius. Trata-se de um gerador de energia acoplado ao volante do motor, que faz o papel de alternador e carrega o banco de baterias do veículo. Além disso, funciona como motor de arranque e também como motor em acelerações suaves.

Combustão interna

Estande da Bosch no Congresso SAE BRASIL 2017

No entanto, os veículos a combustão interna ainda são foco de pesquisas e terão vida longa, se depender de políticas como a brasileira. E mesmo em países desenvolvidos, como a Alemanha, que já anunciou o abandono da produção de carros poluidores para um futuro próximo, não será fácil mudar a cultura dos combustíveis fósseis.

O engenheiro Fabio Ferreira, diretor de Negócios da Robert Bosch, comentou que ainda há muito o que explorar em termos de eficiência energética dos motores ciclo Otto. Segundo ele, há desenvolvimentos em alto grau de complexidade sendo realizados na Alemanha, como a injeção de água nos cilindros, juntamente com o combustível. Esta é uma tecnologia que a BMW já utiliza em alguns modelos, porém na visão de Ferreira, ainda há muito o que evoluir.

“Na quantidade certa, a água ajuda a resfriar os cilindros e aumentar a eficiência do motor”, explicou o engenheiro. Com a popularização desta tecnologia, modelos de menor valor agregado podem ser beneficiados, e melhorar o consumo de combustível.

Alexandre Akashi

Editor da Revista Farol Alto alexandre@farolalto.com.br

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