Por Antonio Fiola
Presidente do Sindirepa-SP (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo) e Sindirepa Nacional (Associação de Entidades Oficiais da Reparação de Veículos do Brasil)
O mundo não será o mesmo, pelo menos para a reparação de veículos no Brasil. As oficinas independentes praticamente há três décadas têm buscado soluções junto às montadoras de veículos e mesmo junto à ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), para uma liberação gradual e responsável das informações técnicas dos veículos automotores para realização de reparos, dando assim o direito de livre escolha dos consumidores quanto ao local da manutenção de seus veículos, ou seja, na rede de concessionárias ou na rede independente.
A telemetria e os últimos acordos automotivos que impactam nos países sul-americanos têm trazido algumas preocupações e que alertaremos aos consumidores dos riscos de ficarem reféns de um único local para realizarem a manutenção de seus veículos. Quem são estas marcas?
Logicamente temos notado alguma liberação gradual de informações técnicas por parte de algumas montadoras, mas longe de atender a real necessidade. Podemos afirmar, por exemplo, que as marcas japonesas ainda são muito fechadas e sequer mantêm algum diálogo, mas o pior de tudo isto é que estas poucas liberações estão sempre vinculadas ao interesse comercial de suas autopeças junto à sua rede de concessionárias, sem qualquer viés de relação ao bem-estar dos consumidores, na sua comodidade. Há aquelas marcas que simplesmente se fecham como citadas acima devem conhecer que seu parque circulante não está sendo atendido na totalidade por sua rede e com simples indicadores: quantidade de veículos vendidos, quantidade de concessionárias e tamanho do território brasileiro. Como ficam estes consumidores?
Atenta a esse problema, as instituições patronais da reparação de veículos da Argentina, Brasil e Uruguai se mobilizaram para mudar essa situação junto à OMC – Organização Mundial do Comércio, visto que as autoridades brasileiras, argentinas e uruguaias, sempre que foram acionadas, pouco fizeram a respeito.
Desta forma, as entidades destes três países se alinham aos responsáveis e valorosos esforços de entidades congêneres dos Estados Unidos e Europa na busca pela livre escolha dos consumidores no local de manutenção de seus veículos.
Aqui no Brasil, desde 1990, com a abertura do mercado brasileiro, a introdução de novas tecnologias incorporadas aos veículos têm sido uma constante, não obstante o governo brasileiro por meio de suas políticas automotivas não têm contemplado com clareza as regras do aftermarket, tendo apenas participações tímidas e inconclusivas como foi no caso da certificação compulsória de autopeças, ou mesmo, questões estritamente relacionadas à produção e não de pós-vendas, deixando um ambiente que já era ruim com a Lei nº 6.729 de 28/11/1979 e melhorada timidamente com a Lei 8.132 de 26/12/1990, pior por não contemplar os anseios de uma nova sociedade, ávida por liberdade de escolha, de opções.
É relevante ressaltar o importante papel da rede de concessionárias para o bom funcionamento desta engrenagem da cadeia de valor, assim como suas responsabilidades no que tange à garantia do produto. No entanto, os pleitos nestas últimas três décadas tiveram a sensibilidade de respeitar os espaços e responsabilidades de cada um, ficando claro que o consumidor jamais aceitaria ficar retido por qualquer imposição, mesmo as tecnológicas como vemos fortemente hoje, mas sim pela excelência no atendimento, qualidade, pela oferta e prestação de serviços.