A venda de carros elétricos no país vem crescendo a níveis surpreendentes. No ano passado, por exemplo, foram comercializadas 49.245 unidades, 41% a mais do que em 2021. Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) os meses de dezembro e setembro, foram os dois melhores, com 5.587 e 6.391 emplacamentos, respectivamente.
Mesmo com os dados positivos, a venda de elétricos no Brasil, o setor ainda está em fase inicial, mas tem grande potencial de crescimento. No entanto, os elevados impostos nos preços de carros elétricos e a ausência de incentivos fiscais para a produção local dificultam o crescimento do mercado de eletrificados. Pesa ainda a infraestrutura de recarga, considerada insuficiente, com cerca de 2,8 mil carregadores públicos e semipúblicos disponíveis no país, segundo a ABVE.
O novo governo anunciou planos de investimento no setor de eletromobilidade, o que não ocorria na gestão passada. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem dito que pretende incentivar a tecnologia e a indústria de veículos elétricos no país.
Para Ricardo David, diretor da Elev, empresa especializada, o Brasil precisa de estruturação e incentivo. “O investimento na infraestrutura de recarga e os incentivos fiscais são fundamentais para o crescimento do mercado de eletrificados no Brasil. Sem uma estrutura de recarga sólida, fica difícil para os motoristas optarem pelos veículos elétricos, pois eles precisam se preocupar em encontrar pontos de recarga durante suas viagens. Além disso, os incentivos fiscais são importantes para atrair as montadoras para produzirem veículos elétricos no país, o que pode gerar empregos e impulsionar a economia”, afirma.
“Estamos apenas no início do governo e ainda há muito o que esperar. Porém, tenho a convicção que o reconhecimento da necessidade de um plano nacional é de grande importância para o setor. Mas ainda aguardo propostas concretas, principalmente conversando com os empresários que estão investindo no setor”, declarou Ricardo David.
O executivo destaca que a venda recorde de veículos totalmente elétricos a bateria, com 8.460 unidades vendidas, representa 17% do total de eletrificados do ano. O total inclui automóveis e comerciais leves híbridos, híbridos plug-in e totalmente elétricos. “O número de veículos elétricos ainda é pequeno quando comparamos com outros países, como a China e a Noruega. Estamos muito atrás na corrida pela eletrificação”, afirma Ricardo David.
A questão dos veículos elétricos não fica somente no preço elevado, faltam eletropostos para os proprietários desses veículos efetuarem a recarga. Para isso, são necessários investimentos nessa área e incentivos fiscais. “O governo e empresas privadas precisam trabalhar juntos para desenvolver uma infraestrutura de recarga e criar incentivos fiscais para a produção de veículos elétricos no país. Além disso, é importante promover a conscientização dos consumidores sobre os benefícios ambientais e econômicos de optar por veículos elétricos” finaliza David.
Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo