O Renault Duster não é um carro ruim. Consequentemente, o Captur também não. O que um tem a ver com outro? Quase tudo. Dividem motor, câmbio, tem o mesmo comprimento e entre-eixos, mas são como no antigo filme de Hollywood, Gêmeos (1988), estrelado por Danny DeVito e Arnold Schwarzenegger.
A beleza do design do Captur é irrefutável, assim como a da garota-propaganda da marca, Marina Ruy Barbosa. Impossível deixar de notar. Mas falta-lhe conteúdo. E para tentar amenizar isso, a Renault decidiu equipá-lo com o mais recente câmbio CVT da aliança com a Nissan, batizado de X-Tronic CVT.
O conjunto motor 1.6 16V SCe e câmbio X-Tronic CVT não é ruim, pelo contrário, manda muito bem, principalmente na cidade. Não foi difícil superar a média de consumo sugerida pelo Inmetro, de 7,3 km/l na cidade quando abastecido com etanol. Chegamos a fazer mais de 8 km/l, com trânsito leve.
Claro que a transmissão tem alguns ajustes que precisam ser feitos, assim como nos modelos da Nissan, pois escorrega muito principalmente quando o veículo está carregado. Demora para ganhar velocidade ao pisar com vontade no acelerador. Mas, na aceleração progressiva, não há do que reclamar.
O difícil do Captur é engolir o preço. A versão avaliada, Intense, custa a partir de R$ 89.950. A pintura de dois tons acrescenta R$ 2.900 ao preço, e os bancos em couro, mais R$ 1.500. No total, são R$ 94.350 por um carro 1.6l, que é bonito e sem muitos mimos tecnológicos.
Entre os poucos recursos, destaque para a central multimídia com GPS integrado, airbags laterais, controle de tração e estabilidade, e assistente de partida em rampa, luzes de condução diurna, ar-condicionado digital, faróis e parabrisas com acionamento automático, controle de cruzeiro, banco do motorista com ajuste de altura e profundidade, e volante com ajuste de altura (só faltou o de profundidade também).
Ao volante
Sem ajuste de altura do volante, encontrar uma posição ideal para dirigir o Captur pode ser desafiador. Porém, como a grande maioria dos SUV compactos, o assento é mais alto o que ajuda.
O ajuste de suspensão está correto. Este é um ponto que a engenharia da Renault sempre acertou nos modelos de origem Dacia no Brasil. O Captur é confortável e consegue absorver com precisão as irregularidades do piso. Mas, com carroceria elevada, sofre certa inclinação nas curvas, nada alarmante, mesmo porque o motor não tem tanta potência assim.
Dessa forma, as acelerações de retomada de velocidade tendem a ser frustrantes, já que o câmbio CVT também não colabora neste quesito. O motor enche, gira, e a velocidade demora para acontecer. Em momento algum o corpo cola no banco. A sensação não é boa, principalmente em manobras de ultrapassagem.
Mas o carro é bonito e chama atenção das mulheres, que preferem dirigir um SUV ajeitado, que realça a beleza e formas femininas, do que um monstrengo como o Duster, que custa quase R$ 10.000 a menos e tem as qualidades e defeitos similares (exceto design, claro).
Ficha técnica
Renault Captur 1.6 CVT
Motor: dianteiro, transversal, flex, 4 cilindros, DOHC, 1.597 cm³, 16 v, 120/118 cv a 5500 rpm (etanol/gasolina), 16,2 kgfm a 4000 rpm; diâmetro x curso: 78 x 83,6 mm; taxa de compressão: 10,7:1
Câmbio: CVT com 6 marchas virtuais
Tração: dianteira
Direção: assistência elétrica
Suspensão: independente na dianteira, tipo McPherson e eixo de torção na traseira
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambor na traseira
Rodas e pneus: liga leve 215/60 R17
Dimensões: comprimento, 4329 mm; largura, 1813 mm; altura, 1619 mm; entre-eixos, 2673 mm, peso, 1286 kg, porta-malas, 437 l; tanque de combustível, 50 l
Desempenho: velocidade máxima, 169 km/h; aceleração 0 a 100 km/h: 13,1 s
Consumo PBE-V Inmetro: cidade – 7,3/10,5 km/l (e/g); estrada – 8,1/11,7 km/l (e/g)