Tragédias sobre rodas

Nos últimos meses, os telejornais nacionais têm mostrado com frequência acidentes trágicos com diversas mortes causadas por motoristas irresponsáveis. As mais recentes envolveram marginais que disputavam racha em uma movimentada rodovia paulistana, a Imigrantes, e dizimou uma família inteira, que viajava em um carro superlotado; outros dois acidentes vitimaram pedestres que inocentemente passeavam no calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro, e caminhavam perto de casa, em Brasília (DF).

Em comum nestes três casos, pessoas atrás do volante sem noção nem bom senso. No acidente da rodovia dos Imigrantes, os três motoristas estavam errados: os dois que disputavam racha com carros esportivos de última geração, e a “vítima”, que levava muito mais pessoas do que o permitido por lei dentro do veículo, e ainda estava com a habilitação vencida, e portanto não deveria estar dirigindo.

A tragédia no calçadão de Copacabana vitimou um bebê de oito meses e feriu outras 17 pessoas. O motorista diz que sofreu um ataque epilético e perdeu o controle do carro. Não foi acidente, pois quem dirigia sabia que não tinha condições de dirigir, omitiu isso das autoridades de trânsito, e também estava com a habilitação suspensa por excesso de multas. Estava totalmente irregular.

Finalmente, o caso de Brasília, a motorista trafegava em alta velocidade, a 120 km/h em uma via de 60. Diabética, pode ter tido uma crise de hipoglicemia e perdido o controle do que fazia. Ao se sentir mal, deveria ter parado. Não o fez e matou um casal de idosos que acabara de comemorar bodas de ouro.

Quem dirige precisa ter responsabilidade e bom senso. Correr é gostoso, todos nós sabemos disso. É hipocrisia negar. Mas, rua, avenida e estrada não são pista de corrida, não são autódromos, e se a ideia é passar do limite, deve ser feito com bom senso. Dirigir com sono, sob efeito de remédios, drogas (lícitas ou ilícitas), aumentam exponencialmente o risco de acidentes. Cada um sabe seus limites e deve respeitar isso.

Às autoridades de trânsito cabe a fiscalização. Por que o atropelador de Copacabana não teve a licença de dirigir cassada? Por que ele não foi chamado para prestar esclarecimentos às inúmeras multas? Pois é. O Estado é falho, e o cidadão, desonesto. Honestidade é sinal de caráter. Povo desonesto escolhe líderes sem caráter. E como se muda isso? Com educação ampla e de qualidade. Mas, é preferível punir. Multas, prisão, enfim, pelo medo e não pelo respeito.

Somos assim o que somos. Um povo ignorante e burro, desonesto e sem caráter, que prefere o circo à universidade, brigar por centavos a lutar por um país melhor. Somos vítimas de nós mesmos e gostamos disso, pois dessa forma temos o que lamentar.

Alexandre Akashi
Editor

Alexandre Akashi

Editor da Revista Farol Alto alexandre@farolalto.com.br

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