Kia Soul EV – O futuro chegou

O carro elétrico já é uma realidade. No último Salão do Automóvel, em São Paulo, a Kia apresentou o Soul EV, modelo plug-in que é vendido na Coréia do Sul, Europa e Estados Unidos desde 2014, mas ainda não tem previsão de comercialização no Brasil.

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A convite da Kia, os consultores automotivos Farol Alto – 100% Motor foram para Salto, no interior de São Paulo, conhecer de perto a tecnologia de propulsão elétrica do único exemplar do veículo emplacado no Brasil.

Participaram do encontro os consultores José Carlos Finardi, editor técnico do Farol Alto – 100% Motor, Adilson Abachioni, da Auto Astral, Claudio Cobeio, da CobeioCar, Julio de Souza, da SouzaCar, Luis Carlos Bailone, da Luizinho Reparações Automotivas, e Sergio Torigoe, do Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe. Marcio Alexandre, instrutor de treinamento técnico da KIA Motors do Brasil, foi o anfitrião e apresentou o Soul EV de parachoque a parachoque.

Dados técnicos

Ao invés de tanque de combustível, um banco de baterias sob o assoalho
Ao invés de tanque de combustível, um banco de baterias sob o assoalho

O Kia Soul EV possui motor elétrico de imãs permanentes, corrente alternada sincronizado de 360 Volts, com inversor, alimentado por um conjunto de 96 células de baterias de polímero íon-lítio divididas em oito blocos, que pesam 270 kg. O motor desenvolve 110 cv de potência máxima entre 2.730 e 8.000 rpm, e torque inicial de 29 Kgfm (máximo).

No elevador, consultores Farol Alto-100% Motor conferem a tecnologia do Kia Soul EV
No elevador, consultores Farol Alto-100% Motor conferem a tecnologia do Kia Soul EV

“Esse propulsor dá autonomia de até 200 km na cidade e 170 km na estrada”, disse Alexandre ao comentar ainda que as baterias podem ser recarregadas tanto em tomadas residenciais, de 110V ou 220V e 10A, quanto em postos de recarga rápida, de 480V e 50KW, compatíveis com o padrão japonês Chademo.

Curiosidade: Chademo é a abreviação de Charge de Move, que pode ser traduzido como mover-se utilizando carga (no caso, a elétrica, claro). O nome é também um trocadilho da expressão japonesa Ocha demo ikaga desuka, que pode ser traduzido como Que tal um chá?, em referência ao tempo que leva para recarregar as baterias do carro.

Alexandre explicou que dependendo da tensão, o tempo de recarga é maior ou menor. Em uma tomada residencial, de 110V ou 220V, o tempo varia de 14 a 20 horas, mas em uma estação de carga rápida, entre 10 a 20 minutos. “Porém na estação de carga rápida, apenas 80% da bateria é recarregada na primeira carga”, disse. “Para ter 100%, é preciso retirar o plug da tomada e religá-lo”, informou. Um detalhe importante: quando o carro está plugado na tomada, o comando de acionamento do motor é desabilitado para evitar acidentes.

Regeneração
Acoplado ao motor elétrico, o câmbio conta com uma marcha à frente e uma à ré, sendo que para frente há duas opções de marcha, D (Drive) e B (Brake), que possibilita maior regeneração de energia. “Na posição B, a quantidade de energia cinética convertida em elétrica nas frenagens e desacelerações é bem maior”, comenta Alexandre.

Sistema de freios é hidráulico e regenerativo
Sistema de freios é hidráulico e regenerativo

Assim como todo carro elétrico, o sistema de freios é baseado na reversão da polaridade do motor, que passa a funcionar como um gerador e desacelera o carro. Porém, além disso, o Soul EV conta com um sistema de freios convencionais, a disco (ventilados na dianteira e sólidos na traseira) e pastilhas, que também contam com tecnologia de recuperação de energia, denominado Active Hydraulic Booster (AHB), que utiliza um motor elétrico para criar pressão hidráulica no sistema de frenagem. O AHB ajuda ainda a dosar a força no pedal de freio. Sem ele, o pedal de freio assumiria um comportamento diferente do normal, e daria a sensação de freio baixo, similar à situação de pastilhas gastas.

Um fato que chamou atenção dos consultores foi o sistema de refrigeração do veículo, a água, tanto para o motor quanto para as baterias, em circuito que compreende o sistema de ar-condicionado.

No elevador
A equipe do Farol Alto teve a oportunidade de conferir detalhes do carro no elevador. Por não ter sistema de exaustão, a parte undercar é bem simples, limitada à suspensão, tipo McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, com mola helicoidal e amortecedores a gás, idêntico ao modelo a combustão.

Mas sob o capô, motor elétrico e inversor
Mas sob o capô, motor elétrico e inversor

Segundo Alexandre, o processo de manutenção do veículo é bastante simples, apesar do elevado número de componentes eletrônicos. Porém, tudo é baseado no equipamento de diagnóstico, que se comunica com os controladores do veículo e informa a necessidade de manutenção.

Aparentemente, o sistema de funcionamento do motor é mais simples do que um veículo a combustão interna, uma vez que não apresenta tantos componentes que necessitam de substituição frequente, como velas, cabos de velas, filtro de ar, óleo e combustível, troca de óleo motor etc.

Tanto que nos mercados onde o modelo é comercializado, as revisões devem ser feitas a cada 12.000 km, para troca do filtro do ar-condicionado, rodízio de pneus e verificação da pressão, inspeção da bateria 12V, do compresso e fluído do ar-condicionado, do sistema de freio (fluido, linhas, conectores, pedais, discos e pastilhas), da caixa de direção e suspensão.

Ao volante
Dirigir um carro elétrico não é diferente de um a combustão elétrica, porém algumas dicas permitem fazer a bateria render mais, e consequentemente aumentar a autonomia. É difícil, no entanto, ser comedido e não se empolgar quando se tem 100% de torque máximo assim que se pisa no pedal do acelerador.

Passada a empolgação – e com o computador de bordo informando menos de 20% de bateria, passei a alavanca de câmbio para a posição B (Brake) e mudei de atitude, conduzindo com mais suavidade e desacelerando antecipadamente, pisando no pedal de freio somente em na parada total do veículo.

Por todo o percurso, de aproximadamente 15 km, o computador de bordo informava o consumo e a regeneração de energia conforme acelerava ou freava. Foi possível chegar ao destino com consumo de apenas 1% da bateria, graças também à geografia do terreno que não apresentava aclives.

Todos os consultores automotivos da revista Farol Alto – 100% Motor tiveram a oportunidade de dirigir o Soul EV e ficaram impressionados com o silêncio, maciez, desempenho, agilidade, interatividade e conforto do veículo. Confira no quadro as avaliações individuais dos consultores.

Ficha técnica
Kia Soul EV
Motor: dianteiro, elétrico, 110 cv entre 2.730 – 8.000 rpm, 29 kgfm entre 0 – 2.730 rpm
Câmbio: Duas posições a frente: D (Drive) e B (Brake – maior regeneração de energia); e uma à ré
Tração: dianteira
Direção: assistência elétrica progressiva variável
Suspensão: dianteira tipo McPherson e traseira eixo de torção, ambas com molas helicoidais e amortecedores a gás
Freios: dianteiros a disco ventilados e na traseira sólidos com AHB (Active Hydralic Booster) / ESP (Eletronic Stability Program) Regenerativo
Rodas e pneus: liga leve, 205/60 R16
Dimensões: comprimento, 4.140 mm; largura, 1.800 mm, altura 1.600 mm; entre-eixos, 2.570 mm, peso, 1.565 kg;
porta-malas, 340 l; tanque de combustível, 96 células de baterias de polímero íon-lítio divididas em oito blocos
Desempenho: velocidade máxima, 145 km/h; aceleração 0 a 100 km/h: n/d
Consumo: 199 Wh/km (EPA)
Autonomia: 219 km (cidade) e 179 km (estrada)

Opinião dos consultores:

José Carlos Finardi Editor técnico“É muita tecnologia, e apesar disso, é mais simples do que um carro a combustão interna. Tem um rodar macio e se estivesse a venda com certeza teria consumidores”, José Carlos Finardi, editor técnico do Farol Alto-100% Motor

 

 

Luis Carlos Bailone Luizinho Reparações Automotivas Av. Cel. Sezefredo Fagundes, 2789, Jardim Tremembé (11) 2203-1627“Gostei muito da experiência, pois é um carro de pegada rápida, aceleração ágil e surpreendente pela tecnologia do conjunto”, Luis Carlos Bailone, proprietário da Luizinho Reparações Automotivas

 

 

Claudio Cobeio, Cobeio Car R.Américo Brasiliense, 1208 Chácara Sto.Antônio (11) 5181-8447“Gostei do silêncio do carro, mas as baterias ainda precisam melhorar a autonomia, pois isso é um limitador para viagens mais longas. Mas como carro para uso urbano, é perfeito”, Claudio Cobeio – proprietário da CobeioCar

 

 

Adilson Abachioni, Auto Astral Mecânica Av. dos Pequis, 320 Jd. Vl. Formosa (11) 2916-0599“Normalmente, os Kia Soul apresentam muito barulho de carroceria, mas o modelo elétrico não. A explicação, segunto Marcio Alexandre, da Kia, é que se trata de uma carroceria nova, feita especialmente para o modelo elétrico, com objetivo de eliminar esses ruídos, assim como a suspensão. Estão de parabéns pelo carro”, Adilson Abachioni – proprietário da Auto Astral

 

Júlio de Souza SouzaCar Rua Baquiá, 520, Carrão (11) 2295-7662“A sensação que temos ao dirigir o carro é que estamos em um elevado, por conta do silêncio. Depois do que ouvi, acredito que a manutenção de um carro elétrico não é tão complicado, mas é importante ter os equipamentos certos, tanto para diagnóstico do carro quanto de proteção individual, como luvas de alta tensão”, Julio de Souza – proprietário da SouzaCar

 

 

Sergio Torigoe Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe Rua Serra de Botucatú, 2724 (11) 2097-8440“A interatividade do carro é muito bacana. Informa precisamente o quanto tem de carga, o nível de regeneração das baterias, consumo do ar-condicionado e sistemas auxiliares. É preciso lembrar que além do bloco de baterias, o carro conta com sistema de força de 12V para equipamentos auxiliares”, Sergio Torigoe – proprietário do Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe

Alexandre Akashi

Editor da Revista Farol Alto

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