Com apenas 78.400 km, o Ford Fiesta 2008/2009 1.6 8V já precisou trocar a mesma peça três vezes no período de um ano. Esta é uma situação muito ruim e constrangedora para os empresários da reparação automotiva, pois somos nós que estamos na linha de frente, no contato direto com o consumidor final. O transtorno deste tipo de retorno é grande, e o fabricante de autopeça precisa ser consciente e solidário com quem aplica o componente no carro.
No início do ano passado, o carro veio para a oficina com problema de vazamento de líquido de arrefecimento. Na época, tinha pouco mais de 71.000 km rodados. Após realizado diagnóstico, descobrimos que o cavalete da válvula termostática havia se rompido e precisava ser substituído.
Trocamos por uma peça de reposição comum. Como não se trata de um componente com elevado grau de tecnologia, optamos pela solução de menor custo para o cliente. Há no mercado de reposição peças com preços de R$ 50 a R$ 300, dependendo da marca.
Usamos uma original, de qualidade referenciada, porém sete meses depois o cliente retornou à oficina com o mesmo problema. Não havia rodado nem 3.000 km e a peça apresentou defeito de vazamento. Analisamos o ocorrido e descobrimos que o componente deformou em volta do sensor.
Fizemos a substituição sem custo para o cliente, apesar de o fabricante da peça oferecer apenas 90 dias de garantia. Por isso mesmo nem tentamos trocar o produto na loja de autopeças, pois sabíamos que a resposta seria não.
Instalamos uma peça do mesmo fabricante, por acreditar que aquele seria um caso isolado. Infelizmente estávamos errados. Dias atrás o carro voltou para a oficina, com o mesmo problema, porém dessa vez o vazamento ocorria pela parte da junta, e mais uma vez o plástico não suportou as elevadas variações de temperatura que a peça é exposta e deformou.
Como disse anteriormente, existem várias opções de peças no mercado de reposição. Uma delas é de alumínio ao invés de plástico. Custa um pouco mais caro, porém ainda é mais barata do que o componente genuíno, com a marca da montadora, que também é de plástico, muito provavelmente para reduzir peso e custo na linha de montagem.
Fica aqui nosso recado aos fabricantes: atenção para a qualidade dos produtos. Nem sempre preço é o que importa.
Editor da Revista Farol Alto