JAC J5 – Detalhes conflitantes

Desde que chegou ao mercado brasiileiro no primeiro trimestre do ano, o sedan médio da JAC mantém a promessa de oferecer espaço de carro médio a preço de compacto. Atualmente, mesmo com o desencontro do IPI promovido pelo governo federal, que elevou a alíquota do imposto nos veículos importados em 30 pontos percentuais, é possível levar um J5 para casa por R$ 49.990, de acordo com o site da JAC Motors (www.jacmotors.com.br).

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Nada mal para um carro com 4.590mm de comprimento, 1.770mm de largura, 1.470mm de altura e 2.710mm de entreeixos, que conta ainda com porta-mals de 460 litros, ar-condicionado digital, direção hidráulica, freios ABS, airbags duplos, sensor de estacionamento traseiro, rodas de liga leve de 16 polegadas, com pneus 205/55, vidros, travas e espelhos retrovisores elétricos, faróis de neblina e faróis com regulagem de altura.

Porém os atributos são apenas esses. O modelo poderia ser oferecido com uma lista mais abrangente de opcionais, como computador de bordo, câmbio automático, piloto automático, ar-condicionado dual zone, áudio com USB (o que tem é miniUSB, um padrão pouco utilizado no Brasil), vidros elétricos com acionamento one touch em todos os vidros (apenas o do motorista tem esta função, somente para descer).

Claro que ao oferecer mais equipamentos o preço aumentaria, porém tornaria o modelo mais interessante. Enfim, por enquanto essa é a estratégia da JAC Motors, conquistar o consumidor pelo bolso, afinal não se pode ter tudo por R$ 49.990 (não no Brasil).

Mecânica
O motor 1.5l 16V VVT rende 125 cv a 6.000 rpm com torque máximo de 15,5 kgfm a 4.000 rpm, nada mal para um motor pequeno e de baixa cilindrada, porém um tanto o quanto subdimensionado para um sedan médio de 1.315 kg, com rodas aro 16.

Por mais que o comando de válvulas variável ajude, é sensível a falta de motor na hora que o pedal da direita é solicitado, tanto nas arrancadas quanto nas retomadas, e isso porque a relação de marchas está extremamente bem escalonada, o que permite elevar o giro do motor de forma rápida para se atingir rotações de torque máximo. Mas, infelizmente, não é o suficiente para empolgar.

O ideal seria um motor um pouco mais potente, porém, novamente, isso elevaria o custo do veículo, e essa não é a estratégia da JAC Motors.

Em compensação, o carro tende a ser econômico. Movido apenas a gasolina (o modelo flex deve chegar em 2013), somenteo foi possível realizar média de consumo final, após quase 500 km rodados com um tanque de 57 litros, sendo 70% em trânsito intenso e 30% em estrada.

Mas, com tudo, é preciso tirar o chapéu à JAC, que conseguiu montar um belo conjunto motor-transmissão, de baixo custo e bom nível tecnológico, uma vez que todo conjunto propulsor é feito em alumínio. Além disso, a eletrônica embarcada de controle de injeção e ignição conta com programação inteligente, de última geração que corta a ação do acelerador sempre que o pedal de freio é acionado, independente do motor estar engatado ou não, o que reflete preocupação para evitar acidentes com travamento do acelerador.

Undercar
O sistema de suspensão é independente nas quatro rodas, do tipo McPherson na dianteira e Dual Link na traseira, ambos com molas helicoidais e barra estabilizadora, com amortecedores pressurizados.

Molas e amortecedores estão bem calibrados para o esburacado piso brasileiro, o que torna o J5 bem confortável. A escolha do pneus 205/55 R16 também foi feliz pois a banda mais larga e alta ajuda a filtrar parte das irregullaridades do piso.

Apesar disso, a traseira do modelo testado apresentou leve ruído, quase imperceptível para a maioria dos motoristas, porém não para um profissional. “Ouvi um ligeiro ruído fora do comum vindo da traseira” comentou Juliana Cobeio, da CobeioCar, responsável por testar os veículos antes e depois de passarem por manutenção na oficina localizada na zona Sul de São Paulo.

Além disso, Juliana fez comentários sobre o ruído do escapamento, alto demais, na avaliação dela. “A impressão é que o escapamento está furado”, disse.

Outro detalhe que não passou desapercebido pela profissional foi a vibração na coluna do volante ao transitar em ruas de paralelepípedo, e o ‘nhec-nhec’ do pedal da embreagem, insistente e inconveniente.

Conforto
Apesar das críticas, o J5 é um carro confortável e apresenta bom nível de acabamento interno. Os componentes de plástico tem boa textura e são agradáveis ao toque, e o painel conta com detalhes em black piano que remetem à sofisticação.

A posição de dirigir é boa, é possível ajustar a altura do banco, mas pode melhorar ainda com a adoção da regulagem de profundidade do volante, item inexistente no J5.

O espaço entre bancos é generoso e permite viajar bem acomodado no banco de trás. Faltou apenas um descansa braços retrátil central e o cinto de três pontas para o passageiro do meio, assim como o apoio de cabeça central.
Porém quem viaja atrás conta com saída exclusiva de ar, no console central, assim como cinzeiro.

Design
O que chama atenção no J5 é, sem dúvidas, o design, que segundo a JAC é italiano. O sedan é bem resolvido, e visto de relance é possível confundir a traseira com um Volkswagen Jetta.

Por falar em traseira, as lanternas têm um charme adicional ao utilizar leds no lugar de lâmpadas convencionais, ponto positivo para a JAC que adotou a tecnologia de ponta que além de embelezar promove a segurança, uma vez que a velocidade de sinalização do led é superior à lâmpada convencional.

Detalhes conflitantes
Se por um lado o J5 tem itens interessantes, como lanternas em leds, motor com tecnologia de comando de válvulas variáveis, acabamento em black piano no painel frontal e portas, por outro é carente em pequenos detalhes que geralmente não são esquecidos em veículos do mesmo porte.

As ausências mais sentidas foram potência no motor, computador de bordo, botões de acionamento automático dos vidros elétricos, regulagem de profundidade do volante e o tereceiro encosto de cabeça no banco traseiro.

Por estes motivos, o J5 mostrou que ainda tem muito o que evoluir. Sinceramente, gosto do que ele apresenta a mais, porém incomoda não ter como acompanhar a evolução do consumo pela ausência do computador de bordo, item que até mesmo os modelos compactos já saem de fábrica com.

Outro item que senti falta foi do termômetro que mede a temperatura externa, um dispositivo simples que poderia ser facilmente adicionado.

Alexandre Akashi

Editor da Revista Farol Alto

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