Uso de pneus reformados coloca em risco motociclistas

Diariamente dezenas de motociclistas em todo o país engrossam as estatísticas de  serem vítimas de acidentes. As causas são várias, desde imprudência do piloto, passando por motoristas que não respeitam motociclistas até vias sem conservação. Por isso, é essencial que o usuário tenha o máximo de cuidado, seja utilizando capacete e vestimenta adequada, como a atenção redobrada no trânsito. No entanto, é fundamental que a moto também esteja em ordem,  com todos os equipamentos em ordem, especialmente os pneus, que são os únicos pontos de contato do veículo com o solo.

Para os motociclistas menos atentos, a legislação proíbe, desde 2004, o uso de pneus reformados em veículos de duas rodas. O pneu  de uma moto não foi projetado para ter uma segunda vida. Isso acontece porque a carcaça, que serve de estrutura do pneu, sofre um grande desgaste ao fim de sua primeira vida, impactando o pneu como um todo. As reduzidas espessuras dos materiais dificultam a raspagem e há grande chance da formação de rugas, bolhas e má adesão quando há aplicação do material de reforma.

As tensões e deformações da área de contato do pneu com o solo interferem na sua geometria e assimetria, e favorecem o possível descolamento da estrutura reconstruída. A má condição das ruas e estradas também acelera a fadiga dos materiais, mediante sucessivos impactos que podem causar uma avaria acidental.

A dirigibilidade e segurança dependem da geometria da suspensão da motocicleta. Alguns ângulos são fundamentais para isto, entre eles o camber, que é o ângulo criado quando a motocicleta se inclina durante uma curva, sendo que traseiro é diferente do dianteiro. A dinâmica da realização de uma curva sem escorregamento do motociclista depende da curvatura do pneu, que pode ser prejudicada, em caso de reforma. Por esses motivos, o prolongamento do uso do pneu duas rodas interfere diretamente na dirigibilidade.

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“O papel do pneu em veículos de duas ou três rodas é fundamental para a segurança do motociclista, porque, em caso de falha, pode causar perda total de controle. Por isso, o uso dos pneus originais e em bom estado é fundamental para garantir segurança, conforto ao rodar, aderência nas acelerações e frenagens, equilíbrio e movimento de inclinação do veículo”, explica Klaus Curt Müller, presidente da ANIP(Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos)

Um estudo realizado pela Abraciclo(Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) em parceria com a FMUSP e HCFMUSP, aponta que 8% dos acidentes com motociclistas são causados por problemas de manutenção, sendo que os piores itens de conservação observados foram pneus (11%) e freios (7%).

Proibido por lei

A Resolução 158/2004 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e a Portaria 554/2015 do Inmetro proíbem, respectivamente, o uso e o serviço de reforma de pneus em todo o território nacional. Portanto, a recapagem de pneus duas rodas é considerada uma prática ilegal do mercado.

A fiscalização sobre utilização ou serviço de reforma é feita pelo Inmetro, Instituto Estadual de Pesos e Medidas (IPEM), Polícia Militar, Polícia Rodoviária e Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

 

Foto: Agência Brasil

Antonio Puga

Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo

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