O mercado de veículos subcompactos urbanos tem crescido em número de modelos. Um dos primeiros no Brasil foi o Chery QQ, que na época custava R$ 19.990. Quase 10 anos depois, o carrinho ganhou nova cara, ficou mais bonito, sem dúvidas, novo motor, mais equipamentos de série, e preço menos competitivo, já que a versão mais barata, Smile, custa R$ 25.990, a intermediária, Look, sai por R$ 29.990, e a topo de linha, ACT, por R$ 31.490.
Oferecido pela montadora, avaliamos o QQ na versão ACT, que vem de série com luzes diurnas de segurança (DRL), sensor de estacionamento, vidros elétricos traseiros e retrovisores com ajuste elétrico, além de direção hidráulica, ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos, rádio AM/FM com entrada USB, travamento automático das portas, rodas de liga leve de 14’, quatro alto falantes e chave com comando remoto (central lock), itens encontrados na versão intermediária, Look.
Já a versão de entrada, Smile, conta apenas com vidros elétricos dianteiros, rádio AM/FM com entrada USB, computador de bordo e abertura automática do porta-malas. Há de se lembrar que os primeiros QQ que custavam R$ 19.990 vinham com ar-condicionado e direção hidráulica.
Ao volante
O QQ é um carro simples. Tudo nele é feito com economia, para ter preço mais acessível possível. O motor é um 1.0 litro de 3 cilindros flex, de 75/74 cv de potência máxima a 6000 rpm (etanol/gasolina), e torque máximo de 99/95 Nm a 4500 rpm (e/g), acoplado a caixa de transmissão manual de cinco marchas.
Para um veículo urbano individual ou pequenas famílias, não é mal, e até encara viagens curtas. Mas o tanque de combustível com apenas 35 litros dá a impressão de que o subcompacto é gastão, apesar de os números de consumo do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, do Inmetro, serem bem generosos: 8,9/12,9 km/l na cidade (e/g), e 9,9/14,4 km/l na estrada (e/g). Porém, como o tanque é pequeno, a impressão é de que o combustível se esvai rapidamente, ainda mais quando abastecido com etanol.
O que mais incomodou durante a semana de teste foi a falta de estabilidade no sistema de injeção. Ao parar, inexplicavelmente o carro morreu diversas vezes. É desacelerar, pisar no freio, desengatar e quando a velocidade zera, o motor simplesmente apaga. A impressão é de que o motorista fez algo errado, mas não. Simplesmente apaga.
Outro item que incomodou foi o ajuste da injeção de combustível, que demora para cortar ao tirar o pé do acelerador, e dá sensação de que o carro quer continuar acelerando por conta própria, dificultando a antecipação das reduzidas. A percepção é pior nas trocas de marchas, pois ao pisar na embreagem, a rotação sobe mesmo com o pé direito longe do acelerador. Segundo a Chery, esse problema já foi detectado e a marca prepara atualização do programa de injeção para resolver a questão.
Por ser pequeno, leve e não ter muita potência, o sistema de freios poderia ser melhor. Borrachudo, é preciso pisar com vontade no pedal central para começar a frenagem. Felizmente frear é um ato instintivo. Ao pisar no freio e não sentir reação imediata, a intuição manda pisar mais fundo, com mais força. Claro que depois de algum tempo se acostuma com ‘timing’ necessário para parar o veículo, mas nas primeiras vezes a impressão é de que os freios estão com algum problema.
Já a suspensão também precisa de um ajuste fino de calibração, pois é muito mole. Isso é bom para o conforto e absorção das irregularidades do piso, mas não transmite segurança na hora de fazer curvas e transitar em rodovias, com velocidade de 120 km/h.
Assim, trata-se de um carro majoritariamente urbano, para andar devagar, sem pressa, e sem fazer estripulias. O problema é que pelo preço, ganhou um competidor forte, o Renault Kwid, e mais recentemente o Fiat Mobi, que ganhou versão mais pobre, de R$ 29.990.
Ficha técnica
Chery QQ Motor: dianteiro, transversal, flex, 3 cilindros, 998 cm³, 12 v, DOHC, 75/74 cv a 6000 rpm (etanol/gasolina), 10,1/9,7 kgfm a 4500 rpm (e/g); diâmetro x curso: 71 x 84 mm; taxa de compressão: 9,5:1
Câmbio: manual de 5 marchas
Tração: dianteira
Direção: assistência hidráulica
Suspensão: independente na dianteira, tipo McPherson, e eixo rígido na traseira
Freios: a disco ventilado na dianteira e tambor na traseira
Rodas e pneus: liga leve, 175/65 R14
Dimensões: comprimento, 3564 mm; largura, 1620 mm; altura, 1527 mm; entre-eixos, 2340 mm, peso, 940 kg, porta-malas, 160 l; tanque de combustível, 35 l
Desempenho: velocidade máxima, 165 km/h; aceleração 0 a 100 km/h: 14 s
Consumo PBE-V Inmetro: cidade – 8,9/12,9 km/l (e/g); estrada – 9,9/14,4 km/l (e/g)