A Volvo está comemorando os 50 anos de um dos seus modelos mais icônicos, o 164. O modelo que foi produzido até 1975, e conquistou o motorista norte-americano, nasceu no fim dos anos de 1950, quando os engenheiros tinham a ideia de desenvolver um carro de dimensões maiores e mais exclusivo. Teria um motor V8 debaixo do capô. No entanto, uma pesquisa indicou que os veículos compactos eram o futuro, especialmente nos Estados Unidos, fazendo com que o projeto fosse encerrado em 1960.
Mas a montadora não descartou o projeto, tanto que em 1966 lançou a série 140,com um motor de seis cilindros em linha. Combinando prestígio e tamanho compacto . O projetista-chefe Jan Wilsgaard manteve o chassi da série 140 e usou a frente do projeto 358 da década de 1950 para conceber o 164.
O chassi do 140 também foi ampliado em 10 cm do para-brisa para a frente. Esta última medida foi necessária para dar espaço ao recém-desenvolvido motor de seis cilindros, designado como B30, com capacidade para 3 litros e potência de 145 cv, graças aos dois carburadores Zenith-Stromberg. A caixa de transmissão alemã da ZF era do tipo “controle remoto”, ou seja, a alavanca de câmbio, relativamente curta, estava posicionada entre os bancos dianteiros.
Os acessórios eram consideravelmente mais luxuosos do que na série 140, com um tecido grosso de lã nos assentos, tapetes de tecido e banco traseiro projetado para duas pessoas, com um apoio de braço no centro. Após o primeiro ano de produção, o 164 recebeu como padrão estofado de pele, lâmpadas auxiliares tipo halogêneo e apoios de cabeça integrados. Nos EUA, foi oferecido com janelas elétricas escuras, teto solar elétrico e ar-condicionado.
Ao longo dos anos o Volvo 164 passou por desenvolvimento contínuo, recebendo injeção eletrônica de combustível (a partir de 1972). O último ano modelo saiu em 1975, e todos os carros construídos naquele ano foram exportados para os EUA. Até então, seu o sucessor, o 264, já havia entrado em produção.
Fatos curiosos sobre o 164:
Somente uma unidade do modelo foi transformado em ambulância. A divisão de veículos especiais da Volvo tinha um protótipo construído, significativamente mais alto e com distância entre os eixos maior. Ele se tornou o precursor das ambulâncias que, mais tarde, seriam criadas com base no Volvo 265.
A produção do 164 foi transferida para a Kalmar em 1974. Os métodos usados na nova fábrica da Volvo eram muito modernos para a época. Os carros foram movidos em carrinhos operados por bateria, controlados por loops no chão. As equipes montavam os carros e se revezavam para supervisionar e realizar diversas atividades de produção possíveis.
O protótipo do cupê de luxo Volvo 262C, construído na Itália, foi baseado em um 164. O designer Coggiola o converteu em um coupé de duas portas muito parecido com o modelo de produção. Uma grande diferença foi a maneira pela qual o protótipo manteve sua frente do 164.
O motor B30 de seis cilindros do Volvo 164 também foi usado em vários veículos off-road militares da Volvo. Uma versão marítima dele, com três carburadores, também foi produzida pela Volvo Penta.
O fabricante italiano de carrocerias Zagato adornou seu estande no Salão de Genebra de 1970 com o coupé esportivo 3000 GTZ. Com motor B30 sob o capô e baseado mecanicamente no 164, foi o único protótipo construído do modelo. Rumores apontam que a unidade existe até hoje.
Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo