A história da indústria automotiva é marcada por sucessos, fracassos e também por reposicionamentos. É o que aconteceu com a francesa Peugeot, quando em 1983, mais precisamente no dia 24 de fevereiro a montadora lançava seu primeiro modelo compacto, o 205.
O veículo estreava em meio a uma crise da marca. Para tentar virar o jogo, Jean Boillot, membro do conselho de administração, surgiu com um projeto ambicioso: um novo carro pequeno sem ser unicamente urbano, deveria ser capaz de transportar uma pequena família, e acessível.
O 205 além de marcar uma mudança na Peugeot, foi o primeiro carro da marca a adotar barras de torção na traseira, o que resultou em mais espaço para os passageiros. Também foi pioneiro a receber a nova família de motores XU, nomeadamente o XUD7, um propulsor de quatro cilindros de 1.769 cm3 com 60 cv.
O compacto se destacava por ser o primeiro carro francês a diesel e oferecer uma performance equivalente à dos seus concorrentes a gasolina, mas com consumos muito inferiores (3,9l/100km em média).
O “carrinho” mais do que dar folego novo a Peugeot, teve o mérito de ser o primeiro a receber uma gama ampla e variada de motores – de 45 a 200 cavalos de potência, e uma caixa de velocidades automática, uma opção rara no mercado na época. Desde o seu lançamento em 1983, ele veio com quatro motores a gasolina e um diesel.
Estratégia de marketing
Para conquistar seu espaço no mercado automotivo, foi montada uma estratégia de marketing para o 205. Para isso, foi lançado, o apelido de número sagrado, resultando em um sucesso rápido. A campanha envolveu anúncios de TV, sendo um dos mais marcantes trazia o carro sendo perseguido e bombardeado num lago congelado por um avião militar, no melhor estilo James Bond, na época interpretado pelo primeiro 007, Sean Connery.
A Peugeot investiu muito no compacto, não só em marketing, como em design. Embora a maioria dos modelos da montadora tivessem a assinatura da Pininfarina, foram os estilistas que venceram o concurso interno, com um design muito mais moderno e fluido (a Pininfarina consolidou-se ao projetar a versão cabriolet. Foi um projeto que inaugurou alguns sinais que seriam encontrados em futuro modelos da marca, por exemplo, a grade com barras horizontais e a faixa entre as luzes traseiras.
Na pista
Para dar ainda mais visibilidade ao carro, a Peugeot entrou em 1984 na categoria rainha do Campeonato do Mundo de Ralis, o famoso “Grupo B”, com o 205 Turbo 16. Nos anos seguintes 1985 e 1986, o 205 Turbo 16 conquistou o título mundial de construtores e Timo Salonen (1985) e Juha Kankkunen (1986) conquistar o título de pilotos.
Com a não existência de mais categorias no “Grupo B”, no final de 1986 a Peugeot entrou como o 205 T16 no rali Paris-Dakar. Desafio ganho em 1987 e 1988, onde o 205 T16 foi especialmente adaptado e venceu o famoso rally-raid, primeiro nas mãos de Ari Vatanen, depois conduzido por Juha Kankkunen.
Em 1998, após uma longa carreira de 15 anos e 5.278.050 unidades produzidas, o 205 saiu de linha.
Cronologia
24 de fevereiro de 1983: Lançamento da versão de 5 portas do 205
1984: lançamento do 205 de 3 portas e do 205 GTI 1.6 105bhp, comercialização do 205 Turbo 16, primeira vitória no Campeonato do Mundo de Ralis (Finlândia)
1985: O 205 Turbo 16 é campeão do mundo de Ralis (com Timo Salonen), o milionésimo 205 sai da fábrica de Mulhouse
1986: lançamento do 205 Cabriolet, do GTI 115 e 130bhp, o 205 Turbo 16 é Campeão do Mundo de Ralis (com Juha Kankkunen)
1987: o PEUGEOT 205 recebe um novo painel, o PEUGEOT 205 Turbo 16 vence o Paris-Dakar
1988: lançamento do 205 Rallye, segunda vitória do 205 Turbo 16 no Paris-Dakar
1989: lançamento do 205 Roland Garros
1990: Passa por reestilização (indicadores e luzes traseiras), lançamento do 205 Diesel Turbo (78bcv)
1993: Fim da produção do 205 GTI
1995: Fim da produção do 205 Cabriolet
1998: O 205 é substituído pelo 206
Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo