As bicicletas viraram alvo dos assaltantes. Diariamente dezenas de donos de bikes procuram as delegacias de Polícia Civil para registrarem a perda do veículo. Segundo dados do módulo Furtos e Roubos, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo IBGE, só em 2021 foram registrados aproximadamente 388 mil furtos em todo País .
A Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) revelou que a capital registrou um aumento no número de roubos e furtos de bicicletas entre 2020 e 2021, durante a pandemia de Covid. Em todo ano de 2020 foram feitos 2.512 registros. Já em 2021 foram 3.057, o que representa um aumento de 21%. Os dados de 2022 ainda não foram divulgados.
No Rio de Janeiro os casos de furtos de bikes colocam a capital fluminense no topo das cidades do país, com maior número de furtos. Não é raro os assaltantes invadirem prédios durante a madrugada, principalmente na Zona Norte, para levar as bikes. A perda da “magrela” ocorre também na rua, como o caso do universitário Arthur Fonseca, de 24 anos.
Morador de Niterói, Região Metropolitana, o estudante teve que entregar a bicicleta. “Eu estava fazendo um curso no Centro do Rio, quando um rapaz com a minha idade mandou que entregasse a bike. Achei que ele pudesse estar armado, entreguei minha bicicleta. Fiquei com raiva, porque tinha economizado muito para comprar a bicicleta. Não deixei queixa, acho difícil que fosse encontrada. Agora, tenho uma bike bem velha”, afirma.
A auxiliar administrativa Sandra Marques até hoje procura pela bicicleta que foi levada, mesmo estando com corrente e cadeado. “Nunca tive problema com a segurança da bicicleta. Cadeado, corrente e uma oração sempre ajudaram. No final do ano passado mantive minha rotina, só que fiquei até mais tarde pouco. Qual não foi minha surpresa ao verificar que ela tinha sumido. Claro que ninguém viu”, conta.
“Agora comprei uma elétrica, fiz seguro e deixo no bicicletário ao lado da estação das barcas (centro de Niterói). Na verdade, não sabia que podia segurar bicicleta, uma amiga que me falou”, diz.
Seguro
Com o crescente número de roubos e furtos de bicicletas, as seguradoras enxergaram um segmento diferenciado. Um exemplo é a Akad Seguros que viu de um ano para o outro dobrar o número de apólices para bikes. chegou perto de dobrar o número de apólices emitidas para bicicletas em 2022. Em 2021, as apólices eram de pouco mais de 39 mil, enquanto no ano passado registrou um número recorde superior a 75 mil apólices.
Segundo o diretor de Linhas Financeiras da seguradora, Fernando Gonçalves, o valor médio das bicicletas seguradas ainda é alto: R$ 15 mil. “Hoje em dia o quadro de uma bike pode facilmente chegar a R$ 8,5 mil. O ciclista de alta performance já tem consciência do valor embarcado do produto, mas queremos levar a importância do seguro também para o público mais casual”, projeta.
Dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Bicicletas), a produção de bicicletas instaladas no PIM (Polo Industrial de Manaus) chegou a 749.320 unidades em 2021. Em 2022 o número foi menor, com 599.044 bikes saindo da linha de montagem.
A Abraciclo destacou ainda que as fabricantes estão adequando o planejamento das unidades fabris para atender uma nova demanda do mercado, que pediu por modelos de médio e alto valor agregado. As bicicletas elétricas, tiveram um aumento de 5,4% na produção em comparação com o ano anterior.
Crédito das fotos: Agência Brasil
Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo