Audi TTS x Mercedes-Benz SLK 250

Há certas dúvidas que são verdadeiros desafios. Ter de escolher entre um coupé ou um cabriolet é um deles. Se um for Audi e o outro Mercedes-Benz, então, totalmente fora de cogitação. A verdade é que este é o tipo de dúvida que poucas pessoas têm o prazer de ter. Por alguns dias, vivemos este dilema: Audi TTS ou Mercedes-Benz SLK 250?

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A resposta certa é: ambos. Os dois carros conseguem satisfazer com perfeição os desejos dos felizes proprietários, pois entregam boa dose de esportividade e muita exclusividade. Torna-se praticamente impossível passar desapercebido e com certeza não faz feio em nenhum tipo de encontro de VIPs.

Trata-se, assim, de uma questão de gosto pessoal. É certo que as versões S da Audi apresentam uma pitada a mais de esportividade, refletida de forma direta no preço. São R$ 311.433 em um TTS contra ‘apenas’ R$ 228.666 da SLK 250 (tabela Fipe).

Em compensação o motor 2.0 TFSI do Audi entrega 272cv de potência a 6.000rpm e torque máximo de 350Nm entre 2.500 e 5.000rpm, enquanto a Mercedes-Benz com o 1.8 BlueEfficiency gera 204cv de potência a 5.500rpm e torque máximo de 315Nm a 2.000rpm.

Nos números de fábrica, o TTS, de 1.415kg, faz de 0 a 100km/h em 5,2 segundos, com velocidade máxima limitada eletronicamente em 250km/h; já a SLK 250, com 1.500kg, leva 6,6 segundos para atingir os 100km/h, e acelera até 243km/h. Números que impressionam.

Capota rígida
Como todo bom roadster, a Mercedes-Benz SLK 250 tem frente avantajada, com cofre excepcionalmente grande para o pequeno motor quatro-cilindros, mas que fica sob medida quando é substituído pelo V8 de 5.5 litros da versão AMG 55.
Mas, se por um lado o motor é pequeno, a eficiência é grande. De acordo com a Mercedes, o consumo médio é de quase 15km/l. Na semana de teste, medimos 12km/l em circuito 30% rodoviário e 70% urbano, com trânsito leve-moderado.

Nada mal.
Em pista livre, chegamos a acelerar 180km/h com capota abaixada. Apesar de uma certa turbulência atrás da cabeça, a sensação é ótima, de velocidade bem superior. O carro tem bom grip e suspensão acertada para rodar forte, independente com multilink nas quatro rodas, de 17 polegadas, calçadas com pneus 225/45 na frente e 245/40 na traseira.

Apesar de acelerar mais do que isso, a sensação de alta velocidade é bem forte, o que inibe um pouco a vontade de ir mais rápido, mesmo sendo equipado com sistema de controle de estabilidade. Muito justo, pois o bacana na SLK é rodar de forma suave, em velocidade que dê para apreciar a paisagem e, muito mais que isso, ser apreciado.

E para isso, o carro conta um ponto mais forte do que a mecânica: o design. A versão atual é a terceira geração do carro que nasceu em 1996, ganhou mais estilo em 2004, e no ano passado passou por uma nova revista, para alinhamento de estilo da marca que tem como base a SLS 63 AMG, a famosa Asa de Gaivota. Ficou mais imponente e ganhou robustez.

Como todos os modelos da marca, a SLK tem um toque de exclusividade único: a capota rígida retrátil, que apesar de ser utilizada por outras montadoras, faz torcer pescoços sempre que transformamos o coupé em conversível e vice-versa.

Coupé
Ao optar pela carroceria coupé do Audi TT para esta matéria não imaginava que ganharia um upgrade com a disponibilização de um TTS. Surpresa inesperada e muito bem vinda, claro. Afinal, o TTS é muito mais divertido que o TT, que custa R$ 222.120, e rende 211 cv de potência e 350Nm de torque máximo.

Abro aqui um parênteses. É preciso explicar que pensamos nesta matéria comparar um roadster a um coupé, e fazer algo um pouco diferente do usual, que seria comparar dois roadster. Neste caso, teríamos optado pelo Audi TT Roadster, que tem a mesma configuração mecânica do TT, mas conversível e com capota de lona, e preço na ordem de R$ 237.783 (Fipe).

Tanto o TT Coupé quanto o Roadster equilibrariam bem a balança custo, mas como experimentamos um TTS, ficou evidente que o Audi levou vantagem no quesito esportividade, mas perdeu em custo.

Tanto TT quanto TTS têm exatamente o mesmo design, de linhas retas e limpas, quase de uma simplicidade extrema e por isso mesmo chama tanta atenção por onde passa. São obras de arte clássicas que dificilmente o tempo apaga. Muito pelo contrário.

Mas em termos de esportividade, o TTS oferece muito mais, e vai além da potência e velocidade. Acoplado ao motor 2.0 TFSI, há uma excelente transmissão automatizada de seis velocidades acionada por dupla embreagem. A tração é 4×4 integral e além de tudo isso conta ainda com sistema de controle de estabilidade e tração.

Um sofisticado programa eletrônico gerencia motor, câmbio, tração, e assim a Audi desenvolveu um dispositivo bem bacana batizado de Launch Control que permite arrancar com rotação de torque máximo, o que leva o carro de 0 a 100km/h em 5,2 segundos.

Na prática, é parar o carro, engatar em modo esportivo, desligar o controle de estabilidade, pisar no freio com o pé esquerdo, acelerar fundo com o direito e quando a rotação subir para 3.000rpm, soltar o freio e sentir o corpo colar no banco. Contar 1, 2, 3, 4 e 5! Pronto. 100km/h.

Neste momento a suspensão se ajusta automaticamente, graças ao gerenciamento eletrônico dos amortecedores batizado de Audi Magnetic Ride. Em cada um dos quatro amortecedores há microesferas metálicas misturadas ao fluido do amortecedor. Por meio de corrente elétrica, o sistema alinha as esferas e dificulta a passagem de óleo dentro do amortecedor, aumentando a eficiência de estabilidade do veículo. O controle pode ser acionado automaticamente ou manualmente, através da tecla esporte.

Em alguns pontos, é indiscutível a maior presença de tecnologia no TTS do que em qualquer outro coupé ou roadster compacto premium, e tudo isso justifica o maior custo. Mesmo com apenas quatro cilindros, é um esportivo puro sangue, que permite rodar tranquilo a 220km/h em retas e também algumas curvas, que não seriam recomendáveis contornar a mais de 140km/h a bordo da maioria dos carros ‘normais’.

Ficha técnica
Audi TTS 2.0 TFSI
Motor: dianteiro, 4 cilindros, 16V,
Cilindrada: 1.984 cm³
Potência: 272 cv a 6.000 rpm
Torque: 350 Nm a 2.500 ~ 5.000 rpm
Câmbio: S tronic 6 marchas
Tração: 4×4 quattro
Pneus: 245/40 R18
Dimensões: comprimento, 4.178 mm; largura, 1.842 mm; altura, 1.345 mm; entre-eixos, 2.468 mm
Volumes: porta-malas, 290 litros; tanque de combustível, 60 litros
Desempenho: aceleração de 0 a 100 km/h, 5,2 segundos; velocidade máxima, 250 km/h (limitada eletronicamente)

Ficha técnica
Merdeces-Benz SLK 250
Motor: dianteiro, longitudinal, 4 cilindros, 16V, com duplo comando de válvulas variável (DOHC)
Cilindrada: 1.796 cm³
Potência: 204 cv a 5.500 rpm
Torque: 31,6 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: automático sequencial, 7 marchas
Tração: traseira
Freios: discos ventilados na frente e sólidos atrás
Pneus: 225/45 R17 dianteira; 245/40 R17 traseira
Dimensões: comprimento, 4.134 mm; largura, 1.817 mm; altura, 1.303 mm; entre-eixos, 2.430 mm
Volumes: porta-malas, 225 litros; tanque de combustível, 60 litros
Desempenho: aceleração de 0 a 100 km/h, 6,6 segundos; velocidade máxima, 243 km/h

Alexandre Akashi

Editor da Revista Farol Alto

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