Oficinas mecânicas podem abrir, mas onde estão os clientes?

Apesar de o Decreto 64.881 assinado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que instaura quarentena no Estado de 24 de março a 7 de abril, permitir a abertura de oficinas de veículos automotores, alguns empresários do setor decidiram fechar as portas neste período.

“Meus colaboradores estão apreensivos e pediram para ficar em casa”, comenta o proprietário da Oficina Torigoe, Sérgio Torigoe. Desde segunda-feira, 23 de março, a oficina localizada no bairro do Tatuapé, na zona Leste de São Paulo, estava de portas fechadas.

“Informamos todos nossos clientes sobre o fechamento, liberamos todos os carros que estavam em manutenção, e vamos atender apenas clientes corporativos de veículos comerciais pesados, por agendamento”, diz Torigoe.

Cadê os clientes?
A Navega Mecânica, em Moema, zona Sul de São Paulo, também não abre as portas desde segunda-feira, 23. “Já na semana passada o movimento parou, então decidimos fechar e aguardar”, afirma o proprietário, Marcelo Navega.

Para não deixar os clientes sem atendimento, Navega informa que atenderá casos urgentes, que devem ser agendados pelo site da oficina (www.navegamecanica.com.br).

A queda no movimento também foi um dos motivos que levou Torigoe a fechar a oficina. “Nos últimos dias, atendemos apenas dois clientes”, comenta.

O mesmo relata o proprietário da Cobeio Car, Cláudio Cobeio, localizado na região de Santo Amaro, zona Sul. O empresário conta que não fechará a oficina durante esse período, mas já sente queda no movimento. “Ninguém sai de casa, então não tem porque fazer manutenção no carro”, diz.

Peças de reposição
Os dois empresários afirmam ainda que não há problemas para comprar peças de reposição, apesar de as lojas de autopeças estarem fechadas. “Estão todas de portas fechadas para o atendimento público, mas conseguimos comprar por telefone, e receber na oficina”, diz Torigoe.

No cotidiano de uma oficina mecânica, a compra de peças por telefone é um procedimento adotado há anos.

No entanto, o setor de vendas de autopeças pede autorização do governo para funcionar normalmente. Andap (Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças), Sicap (Sindicato do Comércio Atacadista, Importador, Exportador e Distribuidor de Peças, Rolamentos, Acessórios e Componentes da Indústria e para Veículos no Estado de São Paulo),  Sincopeças-SP (Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo) e Sindirepa-SP (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo), pleiteiam junto ao governo paulista autorização para que distribuidores e lojas possam funcionar, com os cuidados necessários de restrição ao público.

“Diante deste quadro, estamos preocupados e dispostos a atender a demanda das oficinas para que o atendimento aos veículos ocorra da melhor forma. Normalmente, distribuidores já operam de portas fechadas ao público, apenas os varejos ficam abertos ao consumidor final, mas, neste caso, podem trabalhar fechados para atender por telefone ou internet os pedidos das empresas de reparação que são os seus principais clientes”, explica Rodrigo Carneiro, presidente da ANDAP.

Incertezas
Com movimento em queda, portas fechadas, os empresários temem pelo futuro. “O faturamento vai cair, mas as contas continuarão chegando. Como vai ser?” questiona Torigoe ao comentar que o crise chegou em momento péssimo para o setor, uma vez que muitos estão descapitalizados.

O governo federal já sinalizou, em meados de março, que pretende ajudar as micro e pequenas empresas com duas medidas. A primeira será o adiamento do recolhimento do imposto do Simples Nacional, pelo período de três meses, e deve beneficiar, aproximadamente, 4,9 milhões de empresas, que são optantes do regime tributário. O pagamento dos impostos será adiado para o segundo semestre deste ano.

A segunda será a liberação de R$ 5 bilhões pelo Programa de Geração de Renda (Proger), mantido com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que deve ser repassada aos bancos públicos para que eles concedam empréstimos voltados a capital de giro das micro e pequenas empresas.

Atenção ao vírus
O motorista que quiser aproveitar esses dias de home office para colocar a manutenção do carro em dia deve tomar algumas precauções ao buscar uma oficina.

O IQA – Instituto da Qualidade Automotiva recomenda aos reparadores automotivos alguns cuidados como evitar receber o cliente na oficina, com a implementação de serviço “leva e traz”; fazer a higienização de maçanetas externas, volante, manopla do câmbio, forração lateral de portas, alavanca de freio de mão, cinto de segurança e todos os acessórios internos que possam ser manuseados pelo mecânico;, proteger bancos, volante e manoplas do veículo com filme plástico; realizar novamente a higienização dos acessórios internos e externos antes da entrega do veículo; receber o pagamento com cartão (crédito ou débito) lembrando de higienizar a máquina a cada novo cliente; manter a oficina sempre limpa e higienizar constante as mãos dos profissionais mecânicos e demais colaboradores.

Alexandre Akashi

Editor da Revista Farol Alto alexandre@farolalto.com.br

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