Renault aproveita lançamento de elétricos para promover debate sobre mobilidade

A Renault aproveitou o anúncio dos novos veículos elétricos que chegam no início de 2023 – Megane, Kangoo e Master – para realizar o seminário E-Tech 100% Electric Days, que abordou entre outros temas, a questão da mobilidade e crescimento de eletrificados no país. Os painéis reuniram especialistas em vários setores como infraestrutura, concessionária de energia elétrica e locação de automóveis.

O encontro mostrou que ainda há uma estrada para ser “asfaltada” que exige a participação de governos com políticas públicas e de toda a sociedade. As chamadas smart cities precisam estar integradas e conectadas nesta nova realidade. O Brasil ainda engatinha neste mundo novo. Curitiba, segundo os participantes, tem avançado em comparação a outras capitais brasileiras. A capital do Paraná conta, por exemplo, com patrulha elétrica nos parques da cidade, além de ter implantado garagens fotovoltaicas.

Luiz Fernando Pedrucci, presidente Renault América Latina a Europa, projeta chegar ao carbono zero – descarbonização – até 2045. “O transporte representa 25% de emissão, enquanto os automóveis 45%, no mundo. A Europa quer chegar em 2045 com emissão zero de carbono” afirma o executivo.

“A questão da descarbonização não tem resposta única, carro elétrico e carro a etanol são alternativas. O tema é complexo. É uma jornada longa ter iniciativas concretas. Carros reciclados já fazemos. O Sandero, por exemplo, tem 20% de material reciclado. Já temos nossos veículos reciclados, mas o desafio é como aumentar”, afirma Pedrucci.

Para Paula Kovarsky, vice-presidente de Estratégia e Sustentabilidade da Raízen (empresa de energia), o desafio da descarbonização é enorme, não tem uma solução única até 2025. “A questão da sustentabilidade necessita soluções adaptadas a cada país. Tem que respeitar o poder aquisitivo da população, tem que adequar a realidade socioeconômica do país, além das prioridades do governo à frente da eletrificação. O Brasil tem um desafio de preservar as florestas, o desafio do carbono negativo. É preciso a regulamentação como prestação de serviço”, diz a executiva.

Para ela, a cana-de-açúcar é a mais eficaz na produção de energia renovável. “O desafio é a utilização da energia solar”, afirma ao lembrar que o carro elétrico no Brasil emite um quarto do que o carro elétrico da China, onde a energia é de carvão. “Temos trabalhado para tornar o etanol menos poluente”, diz Paula Kovarsky.

“Fornecedores tem que ter um plano de descarbonização. Quando se fala de eletrificação é o vetor mais eficiente para descarbonização. Há uma transição e tem que ser um compromisso de todos. É certo que o Brasil é privilegiado, com a hidrogeração e o biocombustível. O veículo elétrico tem que ter uma infraestrutura com foco maior é na utilização dessa energia. O consumidor tem 3% da energia do mundo hoje carro elétricos, amanhã autônomos” ressalta Rafael Segrera, presidente da Schneider América do Sul,- especialista global em gerenciamento de energia e automação.

Olho nos carros de aplicativos
Buscando conquistar mais espaço no mercado de veículos elétricos, a Renault além de implantar em algumas concessionárias recarregadores, investe em um segmento importante: o de carros de aplicativo.

Através da Mobilize, marca do grupo para a mobilidade, e empresa de locação, a Zarp, irá disponibilizar 200 Kwid E-Tech 100% elétricos para motoristas de Uber de São Paulo, que serão usados no serviço de transporte por aplicativo.

Esses motoristas terão acesso a eletropostos da Shell Recharge, nos pontos da locadora, e a um ponto de recarga da Copel, com dois carregadores elétricos em uma unidade do Carrefour. Esses pontos de recarga utilizam energia 100% renovável e podem ser localizados e reservados pelo motorista no aplicativo Mobilize Charge Pass e, também pelo sistema da Tupinambá Energia.

O projeto nesta primeira fase terá duração de um ano e irá viabilizar para os motoristas, além do carro elétrico, um ecossistema de carregamentos, oportunidades e benefícios para os participantes. A opção pelos motoristas de aplicativo levou em conta a mobilidade: são veículos que rodam cerca de 5 mil km por mês.

Os 200 motoristas entre aqueles com melhor avaliação pelo consumidor final da plataforma; com melhor comportamento de direção; engajados no ecossistema de mobilidade e transporte de passageiros; e que reconhecem no carro elétrico um diferencial para a mudança da mobilidade brasileira.

Antonio Puga

Antonio Puga é jornalista, especializado no setor automotivo

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